Mês: <span>fevereiro 2020</span>

O Homem Invisível

O Homem Invisível livro de H.G Wells de 1897 já foi adaptado para o cinema em 1933 e desde que foi anunciado uma nova versão em 2020 com Elisabeth Moss no papel principal, expectativas altas para o filme foram criadas. O que também ajudou a manter essa expectativa alta foram as imagens, teasers e trailers…


#41 – O Farol

Necronomiconversa
#41 - O Farol
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E estamos de volta! Eu não aguentei e decidi publicar o episódio uma semana antes do planejado. No episódio de hoje, eu (Euller Felix) recebo os amigos Filippo Pitanga, Jessica Reinaldo e Luiz Henrique pra gente discutir um pouco sobre o filme maravilhoso de Robert Eggers, O FAROL!

 

Comentados no episódio

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Edição feita por Euller Felix 

Arte por Juliana de Melo

 


Fábulas Negras (2014) – Uma união de grandes diretores do cinema brasileiro

As Fábulas Negras é um longa-metragem lançado em 2014, tratando-se de uma compilação de cinco curtas-metragens dirigidos por Rodrigo Aragão, Petter Baiestorf, Joel Caetano e José Mojica Marins. Três diretores que tiveram origens parecidas e encaram a forma de fazer seus filmes de forma semelhante, artesanalmente, mão de autor, uso dos cânones do horror e a vontade de fazer e de criar um horror puramente nacional, se juntam com um dos predecessores do horror brasileira e provavelmente grande influência para eles: Mojica, o Zé do Caixão.

Como já dito trata-se de um longa metragem formado por curtas, As Fábulas Negras, idealizada por Rodrigo Aragão, traz filmes que tem o objetivo de recontar histórias do folclore brasileiro de uma forma subversiva e macabra. Um dos maiores méritos do filme é como ele consegue representar a cultura brasileira, sua regionalidade e variedade cultural de quase todo o país nos curtas, pois nada mais nacional do que o próprio folclore brasileiro. Os curtas são: O Monstro do Esgoto, por Rodrigo Aragão, Pampa Feroz, por Petter Baiestorf, O Saci, por José Mojica Marins, Loira do Banheiro, por Joel Caetano e Casa de Iara, por Rodrigo Aragão. Todos interligados por uma mini-trama em que crianças brincam e começam a contar histórias de horror da região quando passam por locais que os fazem lembrar delas, tudo isso com um imaginário puramente infantil, contudo subvertido pela dramatização com imagens cheias de violência e uma escatologia que parece adaptado do naturalismo literário.

A estética dos filmes segue um padrão, uma fotografia escura, amarelada, com uma cor de terra, remetendo ao interior dos estados brasileiros, local onde a ação da maioria dos curtas ocorrem, fazendo muito sentido com a sua temática, pois o interior do país é onde essas histórias são muito consumidas e compartilhadas formando um imaginário popular. A transição de histórias e planos se dá por um efeito de projetor mantendo grãos na imagem, conversando com a fotografia que dá um toque envelhecido para a imagem.

O Monstro do Esgoto, curta-metragem que abre a antologia é o único, entre os demais, que aborda uma crítica política. Ele repreende ferrenhamente, de forma cômica e irônica, a corrupção e mau uso do dinheiro público, principalmente em pequenas cidades mas que também cabe ao país como um todo, e ao sistema de serviços públicos ineficiente. É interessante como ele faz essa crítica, porque a direção usa de um elemento narrativo clássico do horror, que é a loucura causada por um evento sobrenatural, mas nesse caso a loucura do protagonista se dá pela ineficiência de um serviço público e a sensação impotência do personagem diante da situação que não consegue resolver, mesmo seguindo todos os procedimentos legais recomendados para a resolução do problema, ele é mal atendido pelos funcionários responsáveis, é obrigado a pagar multas, ou seja uma total situação de impunidade. Ao final o monstro que seu filho achou no encanamento não era o maior perigo do curta e sim o monstro que seu pai se tornou graças a ineficiência e desprezo do órgão público.

 

 

Sobre o monstro que o garoto guardava em uma caixa, deve-se notar uma reprodução de uma ferramenta clássica, muito utilizada em Friday the 13th (1980) entre outros filmes, a câmera subjetiva para não mostrar o monstro, utilizando do texto fílmico para dialogar sobre a máxima do horror que é o mostrar ou não mostrar, ou o quanto mostrar. Ele se mantém escondido até os minutos finais do curta, onde é um padrão ser a hora de mostrar, então temos os monstros e o gore sendo usados e abusados em tela.

 

 

Pampa Feroz, que vem em sequência, dirigido por Petter Baiestorf tem como característica ser bastante regional dentre os demais da coletânea, trazendo caricaturas típicas do Sul do país através do uso de signos muito característicos do lugar, como por exemplo a figura do gaúcho, grandes fazendas e trabalhadores delas, chimarrão, o sotaque e por fim o estilo caricato dos capatazes. A temática também se alia com o imaginário de um interior rural, pois a figura do lobisomem é parte de uma história que tem origem em meios rurais muito por causa do cenário e do que a imaginação pode inventar em locais isolados a noite.

 

 

O episódio é sobre uma dúvida instaurada na cabeça dos locais, onde uma fera matou um dos homens do dono da fazenda, e eles estão tentando descobrir quem é. A história faz um comentário crítico sobre preconceito religioso, visto que eles colocam a culpa em um senhor que mora nos arredores da grande, chamando-o de “macumbeiro”, então temos aí uma leve discussão acerca das origens do medo no que não conhecemos e como ele fica mais forte dentro de grupos que compartilham a falta de conhecimento sobre aquilo que é novo, neste caso, a intolerância religiosa.

 

 

O Saci dirigido por José Mojica traz uma releitura de um dos personagens mais clássicos do folclore brasileiro, desta vez com uma visão muito mais perversa. Novamente o “monstro” não é mostrado, e se assemelha muito a uma versão moderna e brasileira do demônio Pazuzu de o Exorcista (1973), pois o Saci não mais azeda o leite, dá nó na crina de cavalo ou rouba ovos de galinhas, ele agora pune e caça quem desrespeita os espíritos da floresta com o desejo de possuir e enlouquecer seus alvos.

A referência ao Exorcista está presente na sequência de exorcismo, contudo ela não passa de apenas uma referência, pois toda a cena é bem “abrasileirada”, com um pastor (o próprio Zé do Caixão) gritando trechos da Bíblia, seguida de uma montagem alternada e sufocante entre possuída e o grupo exorcizando, além da movimentação de câmera nauseante e os planos fechados que ajudam a causar esse efeito incômodo tão desejado pelo veterano diretor. Uma curiosidade sobre a cena do exorcismo, e outros frames seguintes são as pontas feitas pela equipe neste curta metragem.

 

 

A Loira do Banheiro de Joel Caetano traz um outro clássico das lendas urbanas brasileiras, de um jeito brasileiro mas com um flerte no cinema japonês de horror, o internato de garotas e até a forma como elas se vestem lembram muito os filmes orientais. Um dos frames do filme, as luzes piscam, um banheiro abandonado e uma garota está de costas no centro do lugar, enquanto outra garota se aproxima dela, alternando entre inserts da mão que se aproxima da figura estranha e closes do rosto apreensivo, homenageia os clássicos como Ju-On (2002) ou Ringu (1998), tanto pelo set-up da cena quanto seu clímax final, o cenário também ajuda a remeter as histórias de assombrações asiáticas, tanto no cinema como nos jogos, o banheiro apodrecido lembra muito de Silent Hill, por exemplo.

 

 

O efeito desse flerte entre cinema brasileiro e japonês traz um resultado interessante e uma boa capacidade de articular os cânones, já que a colorização, a locação, os personagens e o estilo da escola/internato cria uma mistura interessante de nacionalidades formando uma estética nova e própria, que causa uma confusão de local e anacrônica, pois ele utiliza uma lenda brasileira e  a mescla com nacionalidades características de outros cinemas. É um curta exemplo de como o gênero horror possui um caráter simbionte de englobar diversos cânones de diversas regiões e gêneros cinematográficos criando uma estética nova a partir da boa reutilização do já conhecido.

 

 

A Casa de Iara é o último curta-metragem, de menor duração e o mais imagético de todos eles, com poucos diálogos, o foco dele é ser forte visualmente falando, seja na violência quanto na erotização culminando na mistura dos dois elementos, por uma sequência de efeito incômodo e indigesto, trazendo contigo uma das principais características do gênero, a externalidade, o espectador certamente vai se incomodar com o que está em tela configurando-se em um sentimento, no melhor dos sentidos, de repulsa na platéia

O último curta se amarra com a história dos garotos porque a casa de Iara é o último lugar por onde as crianças percorrem, na casa o monstro do primeiro curta ataca um dos meninos no último frame, que acaba com um close no rosto do garoto, novamente muito expressivo e exagerado, longe de qualquer realismo/naturalismo, reforçando outro cânone narrativo do final pessimista em que a vítima morre e a sensação de insegurança jamais vai acabar.

 

 


Se gostar, morderá de novo – Raw

Raw ou Voraz (título em português) é filme francês de Julia Ducournau que mostra o canibalismo de um ponto de vista que não deveria ser inovador, mas é: da mulher. O filme de 2016 não tem cenas escuras, jumpscares ou sangue nas paredes. Ele lida com a realidade e isso – quem há de negar?…


Os traumas no cinema de horror

Todos nós estamos suscetíveis a sofrer algum tipo de trauma, isso pode acontecer durante nossas vidas. Algumas vezes são coisas naturais, outras são infligidas por pessoas. O gênero de horror consegue extrair tudo que o ser humano é, e também trabalhar os traumas dentro do seu enredo. Recentemente assisti ao curta brasileiro de horror chamado…


Representação feminina no terror: gravidez

Recentemente assisti (pela primeira vez) ao clássico O Bebê de Rosemary, de 1968. Para quem não conhece, a história é sobre o casal Guy e Rosemary que se muda para um apartamento e decide ter um bebê. Os vizinhos são um casal de idosos bem esquisitos. Com o tempo, coisas estranhas vão acontecendo e Rosemary…


A Visita (2015) – Um registro de família, união e perdão.

A Visita é um filme dirigido por M. Night Shyamalan, lançado em 2015 que conta a história dos irmãos Becca e Tyler que são chamados pelos avós distantes para passarem uma semana com eles e finalmente conhecerem os netos. O filme se encaixa no subgênero que toma como estética visual o found footage, como se a história se tratasse de um documentário, gravações caseiras encontradas e etc. Subgênero do qual ficou famoso pela explosão do filme a Bruxa de Blair, influenciando diversos outros filmes do gênero horror que vieram a seguir com a sua fórmula de filmes encontrados.

Uma característica importante para a realização de um filme found footage é que a ação é guiada pelos personagens que carregam as câmeras de vídeo por todo o filme, ou seja o diretor revela o dispositivo câmera, item que é escondido pelos filmes que fazem parte de um cinema clássico e tem como objetivo manter a naturalidade da narrativa escondendo o dispositivo câmera dos olhos dos espectadores para manter a platéia nos trilhos da obra, sem quebrar a diegese fílmica. Entretanto neste caso, sabemos que há uma câmera registrando tudo o que é mostrado, mas por ainda se tratar de uma ficção, no found footage, o realizador precisa de uma boa “desculpa” para que o espectador se conecte com a história e aceite que os personagens levem a câmera para todos os lados, escondendo o motivo principal: a câmera precisa estar com os personagens pelo simples motivo de que sem ela o filme não existe, para assim manter a diegese do filme. Essa “desculpa” é o primeiro acerto do filme, Becca é uma aspirante a cineasta e quer aproveitar o final de semana com os ainda não conhecidos avós e fazer um documentário pessoal sobre a visita a fim de resolver problemas mal resolvidos entre sua mãe e seus avós, que durante a narrativa se revela que é um motivo ainda mais nobre.

Até aí esta “desculpa” não é nenhuma novidade, Bruxa de Blair mesmo é sobre um grupo de jovens fazendo um documentário a procura de uma famosa bruxa, mas a inovação não está na ideia e sim na forma como ela é trazida ao filme, a estética e o documentário de Becca não servem apenas como um fio condutor da narrativa e sim como parte integrante de todo o enredo personificado pelo próprio Shyamalan por trás da personagem Becca. Ela age como a diretora do filme e ele é todo montado em função dela, compõe os enquadramentos em cena, ficando bonitos propositalmente pois ela é uma garota que estuda cinema, dirige o irmão para que ele aja mais naturalmente enquanto realiza ações banais como desfazer as malas, já que o documentário segundo ela precisa ser crível para os espectadores, eles discutem misé-en-scene, ética do cinema e Becca ainda realiza exercícios de direção de atores com os avós e o irmão para melhorar o resultado das entrevistas que ela precisa para alcançar seus objetivos com o filme. Enquanto ela age como diretora, aparece em vários momentos editando o filme pelo computador, pensando na trilha, o irmão, Tyler, serve como um assistente de direção, manuseando a segunda câmera do filme, ele aprende com a irmã o básico de captação de imagens e é responsável pelos momentos descontraídos do filme. Com todos esses elementos sendo expostos o diretor consegue discutir cinema e o pensamento cinematográfico sem estragar o processo de apreciação do filme, pois é tudo muito natural, inclusive, talvez, a grande mensagem do filme seja como o cinema e as imagens podem ser tão poderosas a ponto de curar feridas emocionais muito profundas.

 

 

Para a realização de um filme como esse, grande parte da responsabilidade, se não toda, está na mão dos atores, pois para mantermos a já citada diegese com o dispositivo câmera totalmente exposto precisamos de atuações extremamente naturais, pelo menos por parte dos dois irmãos que regem a narrativa, o que eles fazem muito bem, pois em nenhum momento o espectador desconfia da capacidade dos atores e nada parece atuado ou forçado. O diretor consegue extrair todo o potencial dos dois jovens atores em momentos de planos longos e câmera parada com zooms poderosos, onde eles têm apenas a lente das câmeras para contracenar, e diga-se de passagem os momentos das entrevistas são onde eles se destacam, a atriz Olivia DeJonge, Becca, é o grande destaque já que a personagem além de dirigir e conduzir toda a narrativa, ainda precisa demonstrar muito sutilmente a tristeza e melancolia que afeta a personagem, por conta do abandono do pai quando era pequena, que precisa ser forte pelo irmão e pela mãe. Ela protagoniza uma das sequências mais bonitas e singelas do filme, em um desses momentos de câmera parada em que o ator está inerte enfrentando o olhar invasor das lentes, Tyler questiona o porquê da irmã não conseguir se olhar no espelho e se vê apenas pelas lentes da câmera, a construção do plano se transforma em um registro muito íntimo da personagem que está totalmente exposta. Ela com poucas palavras e um jogo de olhares consegue expressar muito bem o sentimento que acomete a personagem através de uma frustração muito grande, proveniente de uma insegurança que ela havia guardado e trancado a sete chaves. O ator Ed Oxenbould, também não fica atrás, em seu momento de intimidade com a câmera, ele se revela contando sobre a última história que teve com o pai e traz consigo um sentimento infantil de culpa por parte dele pelo abandono.

 

 

Esse clima de melancolia e tristeza permeia toda a narrativa e faz parte do grande “tema” do enredo, apesar da situação de horror que comentarei mais à frente, o filme comenta sobre esses pequenos rituais e feridas que grandes traumas podem trazer à quem sofre e eles ficam escondidos, quase não notados cotidianamente, mas, novamente, o bom uso da estética found footage do filme mostra que eles não ficam escondidos diante dos olhos das lentes. Tyler tem medo de germes depois que o pai foi embora e está constantemente se limpando, Becca não se olha no espelho e evita falar do pai, a mãe parece sempre ansiosa quando fala com os filhos via skype e sempre acaba dizendo coisas na “brincadeira” como por exemplo que nunca vai ser feliz, os avós estão sempre agindo estranho e evitam falar da filha ou de qualquer coisa do passado, ou então sobre as suas fragilidades expostas pelos netos através das filmagens. O diretor introduz neste drama, além do horror, um humor como um chiste no filme, assim como seus personagens o fazem para esconderem suas feridas. Todos estes elementos narrativos conseguem dar certo porque todos esses sentimentos, inclusive o humor, são inerentes aos personagens, graças a um roteiro minuciosamente fechado sem pontas soltas, com tudo que é mostrado tendo propósito somado a uma química clara entre os atores, os irmãos parecem irmãos com brincadeiras e provocações, a mãe deles claramente os ama e os avós possuem segredos e mistérios que vão aos poucos sendo mostrados.

 

 

Apesar de ter citado muitos elementos dramáticos e exacerbado a estética do found footage, A Visita se trata de um filme de horror, com o uso excelente das ferramentas que o gênero propõe e que foram aprimoradas desde sua gênese, é onde Shyamalan acerta, pois ele não traz uma grande inovação em ferramentas, contudo demonstra um uso muito consciente delas, denotando que ele estava seguro ao fazer o filme. O naturalismo que o found footage propõe é aos poucos invadido por uma sensação de insegurança e apreensão por parte das ações pouco convencionais que os avós de Becca e Tyler apresentam com o passar dos dias. Através da figura dos idosos o diretor faz o uso das fragilidades que a idade pode trazer ao ser humano, elemento que por si só já ativa aquela ansiedade bem profunda que todos nós temos sobre o envelhecer, fragilizar-se e eventualmente falecer, para aos poucos causar o estranhamento nos personagens principais e por consequência na platéia. Mesmo com 94 minutos de filme, ele consegue trazer uma crescente lenta e bem acertada, que contribui para nossa ansiedade de o que está acontecendo, e se apóia justamente na fragilidade que um idoso pode ter, que em primeiro momento não coloca Becca e Tyler em uma sensação de perigo, pois tudo é justificável com explicações plausíveis tanto de Nana e Pop Pop, sobre estarem velhos e as vezes esquecerem as coisas, ou Nana andar a noite pela casa vomitando, arranhando as paredes da casa nua ou correndo pelos cômodos. Tudo isso é usado em tempo certo para contribuir na progressão do medo e da já citada sensação de insegurança, que só aumenta por vir justamente da própria família, que tem como ápice, após várias sequências bem planejadas como o sufocante esconde esconde nas fundações da casa, o final do filme, que como a tradição do cinema de Shyamalan demanda tem uma grande revelação.

 

 

 

A Visita é um filme com uma narrativa densa, que fala sobre família, rancor, amor e perdão. Todos os personagens no filme procuram curar feridas internas e como todo bom filme de horror a busca dos personagens é atingida após uma experiência exagerada, violenta e traumática. Com um roteiro bastante fechado é um dos grandes filmes do Shyamalan e, agora eu devo me revelar perdendo a neutralidade, um dos melhores found footage que vi, com momentos extremamente pessoais aliados à atuações que podem tirar algumas lágrimas como a cena final ou então sequências extremamente perturbadoras como os planos noturnos e toda a parte final do filme que é bastante forte. Shyamalan, mesmo como um filme denso, finaliza a narrativa de forma bastante inocente e positiva, o que pessoalmente acho necessário e justo, pois finais tristes e amargos são bons, mas às vezes precisamos ter um pouquinho de otimismo e esperança ao assistir um filme, crescermos e compartilharmos as dores junto dos personagens, uma mensagem importante que o filme trás é nunca guardar rancor, pois ele pode fazer mais mal pra si do que para quem ele é dirigido, isso fica bem claro com as imagens e narrativa poderosa que foram propostas pelo diretor e brilhantemente executadas pela equipe.

 

 


Parasita

Parasita é considerado um fenômeno de crítica. O filme conquistou prêmios importantes como no festival de Cannes e SAG awards.

No domingo, dia 09, fez história e se tornou o primeiro filme de não língua inglesa, a vencer o prêmio de melhor filme no Oscar. Além do principal prêmio da noite, o filme conquistou as estatuetas de melhor direção, roteiro original e filme estrangeiro.

Mas toda essa aclamação se deve à qual motivo?

Bong Joon-ho diretor de filmes como Okja, Expresso do amanhã e Memórias de um assassino, sempre demonstrou um grande senso crítico em relação à sociedade. Em Parasita, a diferença sócio-econômica retratada chega a doer. E piora quando pensamos que este abismo social é a principal causa dos problemas urbanos no mundo.

Temos de um lado a família Kim, que se encontra no mais baixo nível social. Isto é representado pelo lugar em que vivem, uma casa que fica abaixo da superfície. Essa família, busca formas alternativas de conseguir coisas básicas e só está esperando um oportunidade para mudar de vida. Essa oportunidade para subir os degraus na escala social, surge através de um emprego na casa da família Park, que são o retrato perfeito do sucesso e riqueza. 

Estas duas famílias quando se encontram, têm o primeiro exemplo parasitário representado no filme, um sugando algo do outro. Para os Kim, sua ambição e esperança por uma vida melhor é alimentada através da família rica. Para os Park, seus luxos e uma vida que não exige qualquer esforço mundano é fornecida pelo trabalho da família pobre.

É inegável o quanto é prazeroso ver a família Kim, se sustentando de quem tem muito mais do que precisa, mesmo que isso seja a base de muita enganação. Mas ao mesmo tempo, isso derruba pessoas que vivem na mesma situação que eles e esse esquema deflagra uma situação parasitária muito maior. Como os Kim não acreditam que é possível que devam coexistir com este Parasita, um problema surge. Temos então um embate de pessoas que na verdade deveriam se ajudar e isso é o estopim de uma série de acontecimentos que levam ao clímax do filme. 

O diretor Bong Joon-ho ao descrever o que pensou sobre o filme disse:

“Existem pessoas que estão lutando muito para mudar a sociedade. Eu gosto dessas pessoas e sempre estou torcendo por elas, mas fazer o público sentir algo nu e cru é uma das maiores forças do cinema. Eu não estou fazendo um documentário ou propaganda aqui. Não é sobre dizer a você como mudar o mundo ou como deva agir por que algo é ruim, mas ao invés disso mostrando algo terrível, uma explosão de uma realidade muito pesada. É isso que eu acredito ser a beleza do cinema.”

No fim das contas o diretor, mostrando a realidade nua e crua da sociedade, colabora para que se dissipe a névoa que está na maioria dos olhos. Mesmo de forma explícita em cenas que os Parks demonstram uma superioridade realmente baixa ou através de metáforas como as escadas que sobem e descem. Ou então com o Parasita quase literal que pode estar em qualquer lugar. Ou ainda, como muitas vezes, quem deveria se apoiar, briga para defender quem já tem muito. No final do filme, percebemos que a esperança pode ser um motivador, mas quando se está na mais baixa camada, nem toda inteligência e trabalho duro pode te tirar de lá.  

 


Culture Shock

Into the dark é, pelo menos na minha opinião, um dos projetos de terror mais interessantes dos últimos anos. Trata-se de uma espécie de série onde, todo mês, é lançado um telefilme de cerca de 80-90 minutos de duração que conta alguma história de horror tendo como pano de fundo um feriado. A produção é…


Drácula – Série 2020

  O início de 2020 nos presenteou com uma série que foi um divisor de águas para o grande público: Drácula, série produzida pela BBC em parceria com a Netflix, que veio com o objetivo de trazer uma nova personificação do icônico vampiro às telonas. O projeto foi desenvolvido pelos mesmo criadores da série Sherlock…