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O terror como representação da História

Quando pensamos em filmes que abordam temas históricos quais gêneros e/ou estilos são mais lembrados? Fazendo um breve exercício de memória e especulação, muitas respostas podem ser dramas, biografias e filmes de guerra. Fomos bombardeados desde muito jovens com a ideia de que a História poderia apenas ser representada nos cinemas por alguns formatos de…


Os festivais, o ano e o horror

2020 foi um ano bem diferente do que todos nós estávamos esperando. Ninguém imaginava que enfrentaríamos uma pandemia que nos obrigaria a ficar em casa isolados com medo do que está do lado de fora. Mas aconteceu. Está se encerrando um ano onde a palavra “atípico” nunca fez tanto sentido. Pensando no cinema foi um…


Sim, o horror sempre foi político

Que o cinema de horror em muitos momentos apresenta uma metáfora sobre um assunto relevante para a sociedade através de monstros ou uma situação paranormal é óbvio, recentemente, mais precisamente nos últimos anos observamos diversas obras que discutem e dialogam questões sociais através da linguagem do cinema de gênero. Questões raciais foram muito bem abordadas…


O gótico em Doutor Sono

Mike Flanagan tem feito um excelente trabalho em produções de horror, destacando-se como um dos grandes nomes do gênero. Não sabemos até onde Flanagan irá em sua trajetória como cineasta, mas sabemos que ele está indo muito bem: Doutor Sono (Doctor Sleep, no original) é, afinal, perfeito no que se propõe. O filme é a…


Little Monsters e o estereótipo da Manic Pixie Dream Girl

O conceito de Manic Pixie Dream Girl popularizou-se com as personagens de Kirsten Dunst e Zooey Deschanel em Elizabethtown e 500 Days of Summer, respectivamente. Ambas são o fio narrativo das histórias, que giram em torno de homens com seus quase trinta anos, que ainda não conseguiram resolver suas vidas. Como se num passe de…


O cancelamento de Lovecraft

Só de você ver o nome do site você já vai saber que eu gosto bastante da obra de H.P Lovecraft. Quando estava pensando na criação do podcast, uma das coisas que eu queria era referenciar a obra de um dos meus favoritos do horror.  Mas se tem algo que nunca fugiu das minhas reflexões…


O exorcista e o caso Roland Doe

O livro de William Peter Blatty (lançado aqui atualmente pela editora Harper Collins) e o filme dirigido por William Friedkin de 1973, O Exorcista, usou de algumas fontes para criar aquela história. O filme foi um fenômeno e impressionou ao mostrar uma garota de 12 anos possuída pelo demônio, capaz de virar o pescoço e…


O terror, os jovens e o new metal

Há algum tempo já eu queria rever a Quadrilogia Pânico e aproveitei o Carnaval para começar. O primeiro continua sendo um dos meus preferidos da vida e hoje eu vejo como a Sidney é uma personagem forte, totalmente diferente dos clichês que eu estava acostumada a ver no terror. Não há cenas de nudez gratuita, ela sempre sobrevive, cuida dos outros e ainda carrega a culpa por achar que desencadeou todos os acontecimentos. É um filme impecável. Considero as continuações quase tão boas quanto. Wes Craven brinca com os clichês do gênero, usa o filme dentro do filme, como ele já havia feito em O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger

Eu tenho 33 anos e vejo terror desde criança, por influência da minha mãe, então eu me lembro dessa onda que Pânico trouxe em 1996. Claro que havia terror sendo feito nos anos 90, mas não me lembro de nada tão expressivo quanto o filme do Craven. Mas depois dele veio uma série de filmes com adolescentes sendo perseguidos, assassinados e etc. Tenho um apego nostálgico a cada um deles, mesmo sabendo que alguns são bem ruins. Logo depois de Pânico veio Eu sei o que vocês fizeram no verão passado. Lembro de ficar muito brava quando respondem que a capital do Brasil é o Rio de Janeiro. 

Sidney Prescott

Lembram de Prova Final do Robert Rodriguez? O filme misturava terror, jovens e ficção científica, além de um ser aquático que contribuiu muito para a minha obsessão com essas criaturas. E Lenda Urbana, com um jovem Jared Leto? E A Mão Assassina que trouxe aquele clima de terrir dos anos 80? Sem esquecer de Medo em Cherry Falls, que subverteu um dos grandes clichês do terror. 

Na maioria dos slashers dos anos 80, os primeiros personagens a morrer eram aqueles que tinham vida sexual ativa. Pensem na quantidade de jovens que morreram durante ou depois do ato. Em Medo em Cherry Falls é o contrário, o assassino só mata virgens, então todo mundo começa a querer transar para escapar dele. 

Fico pensando aqui que a maioria desses filmes deve estar datado, que a Michelle de 12, 13 anos gostava pela falta de referências e do bom senso que a idade me trouxe, mas é inegável que o gênero estava a mil no final dos anos 90. 

Um que eu gosto muito até hoje é A Casa da Colina, de 1999, remake de filme de mesmo nome de 1960, com meu amado Vincent Price. Pela falta de internet, acabei conhecendo o remake antes do original. Aqui não temos adolescentes, mas sim adultos confinados numa casa bastante bizarra. Deve ser bacana revê-lo em tempos de quarentena. Acho que vou tentar. E uma coisa que eu passei a notar depois desse filme: o uso do new metal na trilha sonora. Nesse tocava a versão de Marilyn Manson para Sweet Dreams do Eurythmics. 

Quando o gênero estourou eu estava começando a gostar de rock e de metal, então fui fisgada por todas aquelas bandas, Korn, Kittie, Coal Chamber, Tura Satana e afins. Lembro de ver A Bruxa de Blair 2 no cinema em 2000 e ficar inconformada de ver uma gótica ouvindo esse gênero. O primeiro filme trazia bandas como Laibach e Front Line Assembly na trilha. O marketing mais legal é que o CD era vendido como se fosse uma cópia da fita que foi encontrada na van de um dos caras. Tenho até hoje a minha cópia. 

Kim Diamond

Bem nessa fase eu pedia muito para minha mãe me levar ao cinema e ela deve ter visto muito lixo comigo, entre eles Drácula 2000, que é uma verdadeira bomba. Outro caso foi A Rainha dos Condenados. Eu amava Entrevista com o Vampiro (ainda gosto, apesar de apontar uma problemática por segundo de filme/livro) e queria muito ver a sequência. O ano era 2002, eu tinha 15 anos e naquele ano mesmo eu já achei. Decidi revê-lo na semana passada e tudo só se confirmou: que lixo, mas tão bonito. 

O Lestat que eu conhecia era o Tom Cruise em seu personagem invejoso, homoafetivo, cruel e frio. O de Rainha dos Condenados é Stuart Townsend, querendo ser um vampiro sensual que desperta o tesão nas mulheres. Obviamente que não funciona e é apenas brega. Os efeitos são horrorosos e aqui temos mais uma vez o new metal. O Jonathan Davis do Korn que foi responsável pela trilha, inclusive Townsend dublou a voz a Davis. 

Aqui um parênteses para contar uma curiosidade: eu pedi o livro para a minha mãe, pois eu estava no auge do meu goticismo jovem e queria saber mais sobre a vampira Akasha. Ela não encontrou, mas me trouxe o CD com a trilha, que também guardo até hoje e considero algumas das músicas ali realmente boas. 

Mas falando sobre a Akasha, nesse filme ela foi interpretada pela maravilhosa Aaliayh, que faleceu pouco antes do filme ser lançado. Eu nunca tinha visto uma vampira negra no cinema de vampiros. Os filmes sempre ficaram naquele clichê de mulheres pálidas, voluptuosas. Akasha é negra, magra e linda. Até então eu só tinha visto vampiros homens negros, Blácula, Um Vampiro em Nova York e Blade são alguns exemplos. 

Akasha

Recentemente comentei aqui no Necronomiconversa sobre o curta Suicide by Sunlight que também traz uma vampira negra, e muito por causa dele eu quis rever A Rainha dos Condenados. Eu já sabia que o filme era ruim, mas na época não me liguei de uma questão bem problemática. Akasha é uma vampira muito forte, mas é retratada como cruel, ainda pior que o Lestat. E no final ele a deixa para ficar com uma mortal branca.

Apesar de tudo isso, é impossível não olhar para esses filmes e sentir certa nostalgia. Eu cresci vendo clássicos, podreiras dos anos 80, mas tinha pouco acesso a filmes do Vincent Price e do Bela Lugosi, por exemplo. Aprendi muito do gênero com essas tosqueiras jovens e tenho carinho por eles. Não sei se funcionariam hoje, para quem não viu na época, mas para mim sempre vão ser um conforto.


Jumpscare é tão ruim assim?

Um dos mecanismos mais utilizados no cinema de terror é o jumpscare, e isso muitas vezes não agrada todos os fãs do gênero. Sempre que tem uma estreia de algum filme de terror vejo gente reclamando de como esse recurso é utilizado. Muitas vezes as reclamações são acompanhadas de afirmações que o filme em questão…


Os traumas no cinema de horror

Todos nós estamos suscetíveis a sofrer algum tipo de trauma, isso pode acontecer durante nossas vidas. Algumas vezes são coisas naturais, outras são infligidas por pessoas. O gênero de horror consegue extrair tudo que o ser humano é, e também trabalhar os traumas dentro do seu enredo. Recentemente assisti ao curta brasileiro de horror chamado…