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O horror existencial tecnológico de Ringu (1998) e as dificuldades de sua adaptação em O Chamado (2002)

Amanda Ramos*

O Chamado foi o primeiro filme de terror que eu vi, o remake, ainda criança. Passou em alguma sessão muito tarde do SBT e eu vi com uma amiga do quarto andar numa TVzinha pequena. Para mim era muito tarde da noite mas podia ser bem só 19 horas, porque tempo não tinha muito significado naquela época. Só sei que o filme ficou comigo muito tempo, a Samara me dava muito medo, um medo fascinante, que eu queria sentir. Hoje em dia ainda mantenho e acredito que O Chamado (The Ring, 2002) do Gore Verbinski é um dos poucos dos muitos remakes americanos de J-Horror dos anos 2000 que é bem sucedido em sua proposta. Mas, o original continua sendo… muito mais estranho, mais assombroso. 

Não sei como seria assistir esse filme hoje, sem saber como a vida era antes. Porque mais do que algo sobrenatural, definitivamente Ringu se trata de um techno horror, um horror tecnológico. Mas hoje não se tem mais telefone, quase não se tem TV. Eu me lembro muito bem da sensação liminar de ouvir o telefone tocar tarde, sem saber quem era, de ouvir a TV ligada falando sozinha. Era essa sensação estranha de que a própria tecnologia tinha uma vida separada de nós, que ela era secretamente consciente. Hoje em dia parece que a tecnologia não é mais algo separado, mas faz parte da nossa própria consciência, se um celular liga sozinho ou faz barulhos, eu não tenho a mesma sensação amedrontadora de quando a TV, ou o telefone o fazia. 

Ao mesmo tempo que me dava medo, um friozinho na espinha, eu também gostava muito dessa sensação, da TV ligada de madrugada, sozinha. A TV tinha vida própria, ela me mostrava coisas sozinha.

Mas voltando, parte do motivo pelo qual tenho essa opinião de que Ringu (リング, 1998) de Hideo Nakata é mais assustador, vem da minha pequena teoria de que ele consegue perfeitamente criar ambas as sensações de terror e horror, sendo a transição de um para o outro praticamente perfeita, terminando o filme quase imediatamente após o horror e nos deixando sozinhos após o clímax da história, assistindo os créditos. Essa relação entre terror e horror é algo que acabei encontrando enquanto estudava cinema na faculdade e que continuo usando como forma de tentar entender como alguns filmes são absurdamente perturbadores e outros parecem simplesmente se perder, mesmo tendo construído algo incrível em algum momento.

Basicamente, o terror e o horror são duas emoções diferentes, dois tipos de medo, geralmente ambas estão presentes em um filme de terror (ou de horror, ou filmes góticos ou filmes de medo, como você preferir chamá-los) e o que eu gosto de argumentar é que um de certa forma depende do outro para criar e manter o medo. O terror é, como definiu Devendra P. Varma em “The Gothic Flame: Being a history of the Gothic novel in England”: Sentir o cheiro da morte. Isso se traduz, nas histórias de medo, nos momentos quando se sabe que algo está errado, mas ainda existe um quê de mistério, não se sabe exatamente o que está acontecendo, se alguém morreu não se sabe como, ou porquê, por exemplo. Muitas vezes nos referimos a isso como suspense. Já o horror, novamente citando Devendra, é a sensação de tropeçar em um cadáver. É um sentimento muito mais visceral e chocante. É o momento quando se dá de cara com a causa direta daquele terror anterior. O terror é a apreensão e o horror a realização.

Noel Carroll define o sentimento de horror como um sentimento de contradição junto ao de ameaça, é o tipo de medo que vem ao estar frente a algo inexplicável e contraditório. No caso de um cadáver, por exemplo, pode se dizer que a contradição vem ao pensar ou lembrar da pessoa viva, e agora ver a pessoa morta. A própria morte é um conceito bastante inefável. Mas, nas histórias de medo temos exemplos muito mais radicais do que esse sentimento de horror pode ser, um único ser que representa ameaça e contradição em sua própria existência, como um zumbi ou um vampiro que é morto/vivo, por exemplo. 

A grande questão é, o sentimento de horror é difícil de se manter, especialmente em filme. Como se representa algo inexplicável e contraditório visualmente, se explica e desvenda o mistério que causava o terror anterior, sem que o medo passe? Afinal o que é inexplicável e contraditório deve permanecer assim, se não, não tem sentimento de horror, não tem como sentir horror real de algo que você compreende, talvez só o medo da ameaça, mas não verdadeiro horror. Por isso, tendo a dizer que o ideal é que o fim, o clímax de um filme de medo, (que tem essa estrutura, pelo menos) deve ser seu momento de horror. Algo que Ringu faz excepcionalmente bem, mas que seu remake acaba por falhar, pois a cena de horror não é muito bem trabalhada.

O J-Horror num geral tem uma coleção de filmes muito mórbidos, e ele é muito bom em causar o sentimento de horror, porque é bem famoso por deixar muitas pontas soltas, muitas coisas não explicadas, simplesmente porque tem coisa que não precisa de explicação, que é mais assustadora sem explicação. Coisa que o cinema americano de terror tem certa dificuldade em fazer, existe uma necessidade muito grande de se explicar absolutamente tudo, uma aversão à possibilidade que algo fique aberto a interpretação. Isso fica bem claro analisando as duas versões do filme, mesmo com Gore Verbinski genuinamente tentando manter a monotonia e lentidão do original. 

Antes de continuar preciso reconhecer aqui, que o próprio Ringu de 1998, de Hideo Nakata, é uma adaptação de um livro do mesmo nome, que eu ainda não li (mas pretendo). Como não tenho familiaridade com o livro, não sei quais elementos são adaptados de formas diferentes na versão japonesa do filme e na versão americana, o objetivo desse ensaio é só tentar perceber as formas e escolhas diferentes do fazer cinema nas duas versões, e não tanto na história em si.

A história dos dois é a mesma, e é (pelo menos eu acho) um clássico: Reza uma lenda que existe uma fita VHS estranha que as pessoas que assistem morrem sete dias depois. Asakawa/Rachel é uma jornalista que começa a investigar esse caso. Ela acaba assistindo também e agora está afetada pela maldição. Logo após assistir, o telefone toca e tem uma mensagem: no japonês, ouvimos um barulho de algo rangendo, no americano, uma criancinha sussurra “sete dias”. A partir daí temos uma contagem dos dias na tela, no japonês é apenas uma contagem de dia e hora, a cada dia. Já no americano é uma contagem dos dias que faltam para a maldição atingir Rachel (E isso é relevante no final).

Além de Asakawa/Rachel, mais duas pessoas acabam vendo a fita, Ryuichi/Noah primeiro e depois Aidan/Yoichi (filho dos dois). O filme então é uma corrida contra o tempo enquanto os dois tentam descobrir uma forma de sobreviver à maldição. Pode-se dizer que a história inteira é um momento de terror, onde eles sabem o horror que os espera, sabem da maldição, mas não a entendem completamente. No original ainda mais, até as imagens da fita maldita são muito mais sutis do que do remake, que conta já imagens mais chocantes de body horror, fica tentando te perturbar mais.

 

Na cena inicial dos dois filmes, temos duas meninas conversando sobre a maldição, sendo que uma delas viu a fita e vai morrer naquele dia.  No original ela morre realmente de forma inexplicável e muito rapidamente. Nossa é muito grande para entender o que aconteceu. A única coisa que fica explicada é a fita, e o prazo da morte, sete dias. No remake, a sequência em que ela morre é muito maior, já temos até uma visão do poço de onde Samara sai, coisa que vai sendo construída muito lentamente no original.

Eu tenho para mim que muitos bons filmes de terror tentam te fazer esquecer o que você está assistindo para te surpreender no pior momento possível. Tudo que é importante para a história, em Ringu, vai sendo jogado muito sutilmente, para que você não preste atenção, a fita que Asakawa copia e mostra para Ryuichi, o poço de onde Sadako sai no final. Já no remake, existem beats específicos no filme que fazem com que você saiba que essa informação foi dada, Noah pede especificamente para Rachel copiar a fita, e o poço aparece desde o início.

ASAKAWA COPIANDO A FITA ESPONTANEAMENTE SE LIVRANDO DA MALDIÇÃO SEM SABER / NOAH PEDINDO PARA RACHEL FAZER A CÓPIA ESTABELECENDO ESSE BEAT VERBALMENTE NO FILME

Ringu te engana junto com os personagens. Logo no fim, Asakawa e Ryuichi encontram o poço onde Sadako foi sacrificada e a “libertam” de lá. Parece uma conclusão plausível, e Asakawa não morre após os sete dias. Acreditamos que ela se livrou da maldição através de algum tipo de ato de compaixão, o filme acabou. 

A própria personagem parece confusa, como nós, quando a contagem dos dias volta a aparecer na tela, quando o filme não acaba. Sabemos imediatamente que a maldição não acabou. Corta para um plano de Ryuichi e ficamos ainda mais apreensivos. Ele vai morrer? Asakawa não sabe, nem nós, mas estamos esperando por isso o filme inteiro. Como é que as pessoas morrem?

 

Esse recurso narrativo da data que é bastante desconcertante se perde totalmente no remake, que tinha uma contagem apenas dos dias de Rachel. Quando eles “libertam” Samara, existe a sensação de que vai acontecer um fim, mas diferente do frio na espinha do original ao vermos a data voltar a aparecer, vemos o filho de Rachel repreendê-la por ter soltado Samara que é uma espécie de “mau absoluto”  – meio que estabelecendo uma sequência para o filme, acredito, e já deixando completamente óbvio o que vem a seguir. Ao invés de fazer o espectador chegar à conclusão de que não acabou, ele te conta tudo através de diálogo para que não fique nenhuma dúvida. 

A cena também vira um drama sem fim porque Rachel deduz que Noah vai morrer e começa a ligar para ele e tentar chegar até ele antes que ele morra. Em Ringu, sabemos que não tem salvação para Ryuichi, porque Asakawa não faz ideia que a maldição não foi quebrada para ele.

Chegamos enfim, no verdadeiro momento de horror do filme, quando estamos fechados no apartamento minúsculo de Ryuichi após entender que a contagem continua e começamos lentamente a ouvir aquele barulho do balde rangendo (que tocava sempre no telefone) e entendemos que agora a cena vai seguir até o fim, vamos finalmente ver como Sadako mata, como Sadako sobe do poço, sai de dentro da televisão e mata. No original essa é a primeira vez que vemos essa cena acontecer, ao contrário do remake no qual tínhamos visto o início do processo na primeira cena do filme.

É uma cena horripilante e lenta, ela não tem pressa nenhuma de acontecer, não tem música épica, a montagem é demorada. Vemos um Ryuichi aterrorizado ver a televisão se ligar sozinha e entender que vai morrer. O telefone toca e ele tenta desesperadamente avisar Asakawa, enquanto Sadako escala para fora do poço e se aproxima cada vez mais da tela e quebra a quarta parede da fita. Nesse momento ele, paralisado de horror e apenas assiste, a cena completamente inconcebível da imagem de Sadako saindo fisicamente da televisão e entrando naquele apartamentinho.

O sentimento de horror é palpável. A sensação de estar frente a algo inexplicável, inefável e ameaçador. Sadako, morta/viva, corpórea/não corpórea, imagem/carne. Em Ringu isso é muito claro e cru, assim como o resto do filme, é lento e fixo. Quando Sadako sai da televisão ela realmente sai, a presença dela é inquestionável e bizarra, horrível. Os sons aos quais se dá destaque são os do balde no poço (som que estamos ouvindo desde o telefone no início), e os sons de Sadako “escalando” o chão, de seu pisar pesado no chão, ela anda lentamente em direção a ele. Ryuichi sabe que vai morrer, e nós sabemos também. 

Vemos claramente suas mãos sem unhas, mas não se mostra o rosto de Sadako completamente, exceto por um olho esticado até o fim, uma imagem feia de se olhar. O filme entende que não deve mostrar Sadako por completo, porque o que causa medo é essa figura estranha e incompleta dela, não ver o rosto dela é assustador, não precisamos ver.

 

Essa cena dura dois minutos. Ao vermos Ryuichi morrer, cortamos para Yoichi, que sabemos ser o próximo da lista. Após isso, temos mais cinco minutos de filme onde vemos uma Asakawa confusa e em luto, sem entender o que ela fez especificamente que a salvou da maldição e não salvou Ryuichi. Ela então entende que o que ela fez foi copiar a fita. Algo ao qual não tinha se dado nenhuma atenção no momento que aconteceu no início do filme.

O filme termina quando ela entende que precisa copiar a fita e passar para frente para salvar Yoichi da maldição. A única forma de ver a fita e sobreviver é fazer uma cópia e mostrar para outra pessoa. Em cinco minutos isso acontece e vemos Asakawa viajando de carro até a casa de seus pais idosos, dando a entender que ela vai mostrar a fita para eles. Logo então vemos a data aparecer na tela pela última vez, vermelha, indicando talvez o fim da maldição na família de Asakawa. Fim. 

O horror da cena que acabamos de ver, a morte de Ryuichi, é seguido pelo horror de que para sobreviver é preciso condenar outra pessoa e logo após pela implicação mórbida de que Asakawa vai matar os próprios pais para salvar o filho. Ficamos com todas essas informações frescas na cabeça enquanto os créditos sobem. Assustador.

Como estabelecemos então, Ringu de 1998, consegue com sucesso criar uma atmosfera de terror o filme inteiro, 1 hora e 25 minutos, para desaguar num clímax de puro horror que não pára até os créditos, em seus sete minutos finais.

Já em O Chamado (2002), a sequência da morte de Noah é a mais fraca do filme inteiro, mas que teria que ser o grande momento do filme. 

Rachel acorda de manhã ao lado de seu filho achando que são tudo flores e ela libertou todos da maldição ao liberar o espírito de Samara, ela conta isso para ele que reage de forma muito negativa dizendo que ela não deveria ter feito isso e Samara é má e ela nunca dorme. Seu nariz sangra, já sabemos que ele não foi liberado da maldição, Rachel sabe imediatamente que Noah também não e sai correndo para tentar salvá-lo. O filme conta pra gente ao invés de nos deixar perceber junto com as personagens.

 

De repente temos uma sequência de cortes rápidos demais, muito diferente do resto do filme que tentou manter a mesma atmosfera lenta e contida do original até esse momento. A cena da morte de Noah também é interpolada por uma Rachel desesperada que já sabe o que está acontecendo (diferente de Asakawa que liga para Noah sem saber que a maldição não foi quebrada e não interfere na cena). Samara sai da televisão e mata Noah em uma questão de segundos. A cena fica estranhamente épica e dramática, ao invés de desesperadora e horrível como em Ringu.

Não só isso, mas quando ela anda em direção a tela da TV ela não anda o caminho inteiro, vemos um glitch e ela já está próxima da tela. Quando ela sai da televisão, ela continua tendo um aspecto eletrônico azulado, imagético, e ela não faz sons ao interagir com o ambiente (diferente de Sadako, que ouvimos claramente bater no chão com as mãos, e pisar, andar), num geral ela não parece estar lá realmente. 

A ameaça de que ela vai matar Noah está lá, mas a contradição não existe, Samara não parece real, ela é uma visão, no mundo real ela não anda, não faz som, ela some e aparece em outro lugar, ela é imagem. Samara não chega perto do absoluto horror existencial que Sadako causa ao sair lentamente de dentro de uma televisão e se apresentar viva em carne e osso na frente de Ryuichi em seu pequeno apartamento para onde ele não tem onde correr.

Os planos também não são fixos e parados como em Ringu, eles se movimentam junto com ela, pelo ambiente, os cortes são muito rápidos e a mudança de ângulo e movimento é uma escolha muito ruim. Os planos fixos e demorados do original dão uma sensação muito claustrofóbica, eles nos obrigam a assistir. Os cortes são rápidos, mas quando há um corte, ele está quase no mesmo ângulo do plano anterior, se aproximando ou se afastando um pouco de Sadako. 

Planos curtos e os movimentos de câmera não nos deixam prestar atenção no momento de horror direito, mas mais na ação, os planos se preocupam em mostrar todos os ângulos da cena. A sensação de assistir Samara de um ponto só, como Ryuichi/Noah, não existe. A cena na verdade parece mais preocupada com a grande ação, o grande drama, Rachel vai salvar Noah? Do que com o momento de horror do filme, com o absurdo de Samara saindo da TV.

O apartamento de Ryuichi é minúsculo e claustrofóbico, mal tem espaço para ele mesmo lá, quando Sadako sai da televisão, ela se impõe muito mais, sentimos que o ambiente está cheio e que não tem realmente para onde Ryuichi correr, quando ela é filmada ela enche o plano. O apartamento de Noah é gigantesco, é um galpão, é um lugar muito grande mesmo (e claro), quando Samara sai da televisão ela parece um ser minúsculo lá em meio ao monte de outros objetos, e tem muito espaço para Noah correr ou se esconder se o roteiro deixasse. É uma escolha estranha, não entendi muito bem porque a fizeram. Samara é filmada de planos mais abertos também e plongées, o que é no mínimo confuso e o contrário dos planos mais fechados e contra-plongées de Sadako em Ringu.

Samara também é obviamente feita em CGI, ela simplesmente não encaixa na imagem. No momento que mata Noah, seu rosto aparece por completo, diferente de apenas o olho de Sadako no original. A imagem de seu rosto completo é profundamente decepcionante comparado com o horror de vê-la sempre com o cabelo na frente da cara. A verdade é que ninguém precisava ver o rosto de Samara, como argumentado antes, acredito que não ver o rosto dela é uma característica fundamental para mantê-la desconcertante e estranha, contraditória. O Chamado de 2002 acredita que o espectador precisa saber o que tem debaixo do cabelo de Samara (um rosto, dã?), penso que ele não entende verdadeiramente a personagem nem o que causa medo nela. 

Ao fim da cena, também de dois minutos, interrompida a todo tempo por Rachel tentando chegar ao galpão, ela finalmente chega lá em questão de segundos depois de Noah morrer. É bastante decepcionante, a sensação maior que fica é de confusão, a confusão de pra onde esse filme vai agora. Mas, não acredito que tenha muito medo mais. 

Nos cinco minutos finais do filme, Rachel, como Asakawa, entende que precisa fazer a cópia do filme para tirar a maldição de Aiden. Mas antes ela tem um acesso de raiva e destrói a fita original (O remake é realmente MUITO mais dramático que o original, eu nem falei muito disso aqui, mas é muito mesmo).

A cena final é diferente, mas também interessante e acredito que bem executada. Não diria que é mais ou menos horripilante que a constatação que Asakawa vai matar seus pais, mas vemos Rachel guiando as mãozinhas de Aidan para fazer uma cópia da fita ele mesmo, e ele questionando ela sobre o que vai acontecer com quem assistir, quem vai assistir essa fita, quem eles vão matar. Gosto dessa parte, é bem assombrosa. Logo após vemos um corte brusco com o barulho de VHS e cenas da fita. Fim. 

Enfim, são dois filmes bem diferentes, o remake muito claramente estabelecendo uma sequência. E não acredito que o remake seja ruim, como já disse antes, aprecio que Gore Verbinski tentou fazer algo diferente com o material que ele já tinha, um dia espero conseguir fazer uma comparação dos dois filmes inteiros, porque definitivamente é muito interessante ver a diferença nas escolhas que ambos diretores tomam, diz bastante do J-Horror e do terror americano. Além do que o remake tem uma trilha sonora incrível do Hans Zimmer que é uma das minhas trilhas de terror preferidas, me dá calafrios só de ouvir. 

Aqui, porém, procurei focar apenas no que eu acredito que seja o que faz com que Ringu dê muito mais medo do que O Chamado, que é o fato dele conseguir criar muito bem o momento de horror no final e segurar até o filme acabar, enquanto O Chamado cria o terror bem, mas decepciona muito no horror. 

Claro que não deixa de ser minha opinião, uma opinião sobre dois filmes que eu gosto muito. Não posso negar que, quando era criança e assisti O Chamado naquela TV pequenininha na casa da minha amiga, fiquei dias vendo a Samara toda noite no meu quarto, antes de dormir.

 

* Manda Ramoos

(Ficou com medo da Samara escrevendo esse ensaio)