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O gótico em Doutor Sono

Mike Flanagan tem feito um excelente trabalho em produções de horror, destacando-se como um dos grandes nomes do gênero. Não sabemos até onde Flanagan irá em sua trajetória como cineasta, mas sabemos que ele está indo muito bem: Doutor Sono (Doctor Sleep, no original) é, afinal, perfeito no que se propõe. O filme é a…


The Witching Hour #23 – Tigers are not afraid

Necronomiconversa
The Witching Hour #23 – Tigers are not afraid
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Sejam bem-vindos ao podcast The Witching Hour, comandado pela Michelle Henriques e pela Jéssica Reinaldo.

Nesse podcast a gente fala de terror dirigido por mulheres!

No programa de hoje conversamos sobre o filme “Tigers are not afraid”, da Issa Lópes.

Esperamos que gostem!

Contato: thewitchinghourcast@gmail.com
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Edição por Euller Felix 


Cinefantasy – Retrospectiva Rodrigo Aragão, Parte 3

Continuamos a nossa Retrospectiva da Filmografia de Rodrigo Aragão com os filmes que faltaram ser comentados: Mar Negro, As Fábulas Negras, Mata Negra e O Cemitério das Almas Perdidas.

Em Mar Negro lançado em 2013 é o filme onde vejo Rodrigo Aragão trazendo o caráter de cinema marginal à sua obra como comentei anteriormente, e aqui ele faz um filme bastante crítico. Seguindo com a ideia já trazida em Mangue Negro, após ser mordido por uma “sereia” o pescador Peroa se torna um zumbi começando uma epidemia em sua cidade.

O sub-texto deste filme para mim é um dos fatores mais importantes de sua composição e assistindo-o neste contexto de pandemia, o achei muito atual. Pois, mesmo antes de um apocalipse zumbi se iniciar no local, a cidade em que o filme se passa já estava com diversos problemas, como a própria escassez de peixes no mar que estava prejudicando tanto os pescadores quanto comerciantes locais. Entretanto, diante de todo esse caos e miséria instaurado, toda a atenção dos locais estava na inauguração de um novo cabaré, que seria o estopim da loucura e violência da qual o filme ia seguir na segunda metade. É interessante notar a figura do deputado Ferreira, interpretado por Coffin Souza, que aparece na cidade apenas para checar as garotas do cabaré e reforçar o seu poder de “canetada” para a dona do local Madame Ursula, ou seja, ele estava atrás do pagamento de propinas.

Vejo esse filme com um olhar muito crítico, pois todas as figuras que o compõem, além do próprio contexto narrativo ser, assustadoramente, semelhante ao momento em que passamos. Toda essa metáfora fica ainda mais direta quando Madame Ursula no meio da confusão causada pelos zumbis, estoura com os sobreviventes e desabafa dizendo que teve que “passar por generais, lidar com gente escrota” para conseguir abrir aquele lugar, pois ela queria trazer felicidade, entretenimento para aquele lugar.

Mesmo diante de todos os problemas, diante de miséria e uma epidemia de zumbis, aqueles personagens ainda estavam preocupados com o entretenimento e o que conseguiriam ganhar através daquela situação toda. O retrato, ou melhor, o espelho moderno que este filme representa, mostrando de forma nua e crua personagens não tão distantes da nossa convivência, ainda mais atual pelo contexto que vivemos, transforma esse filme em uma obra atemporal, pois parece que o Brasil de 2013 não era muito diferente do Brasil de 2020 e nada melhor que o cinema e a fantasia, a quem o diretor muito se dedica, para mostrar isso.

Além de toda essa carga crítica e política o longa conta com a adição do livro de Cipriano, item maldito recorrente da obra do diretor, demonstrando que suas obras estão interligadas formando um “Aragãoverso” do horror brasileiro.

Em 2015 nasceu As Fábulas Negras projeto idealizado por Rodrigo Aragão, um longa-metragem que reunia curtas-metragens de grandes nomes do terror brasileiro, sob a temática: Folclore Brasileiro. Os curtas-metragem são (em ordem de exibição): Crônicas do Esgoto dirigido por Rodrigo Aragão, Pampa Feroz dirigido por Petter Baiestorf, O Saci dirigido pelo grande mestre do horror brasileiro José Mojica Marins, Loira do Banheiro dirigido por Joel Caetano e finalizando com Casa de Iara dirigido novamente pelo Rodrigo Aragão. As Fábulas Negras torna-se um registro ainda mais importante e emocionante, pois trata-se de um dos últimos filmes em que José Mojica Marins atua como diretor, e em um filme junto de outros diretores que foram influenciados por ele.

Adaptar o folclore brasileiro permite a abertura de um leque de possibilidades e inovações no cinema fantástico, e esta é a posição que As Fábulas Negras toma, uma antologia muito competente e criativa que explora o substrato de um imaginário popular brasileiro, reunindo grandes mentes que produzem e escrevem horror no país. A antologia também respeita o cânone de Aragão, já que é idealizada por ele, com algumas críticas sociais, fanatismo religioso e com um exagero estético na violência que tornou-se recorrente em sua filmografia.

Inclusive eu escrevi um texto no começo do ano mais completo sobre As Fábulas Negras, com um parágrafo para cada curta-metragem presente no longa, se tiver curiosidade de conhecer um pouco mais do projeto, é só acessar minha crítica: https://necronomiconversa.com/fabulas-negras-2014-uma-uniao-de-grande-diretores-do-cinema-brasileiro/


Em 2018 estreou o último filme da trilogia composta por Mangue Negro e Mar Negro, Mata Negra conta a história da protagonista Clara, interpretada por Carol Aragão, filha de Rodrigo Aragão e atriz recorrente em seus filmes, que encontra o livro de Cipriano e por causa desse achado a morte começa a seguir os passos da personagem e daqueles que a conhecem.

Introduzido em Mar Negro, aqui o livro de Cipriano começa a tomar seu protagonismo em uma fábula que chega a quase ser um conto de fadas macabro. A personagem evoca forças que mal conhece a fim de tentar conseguir algum dinheiro para melhorar de vida, junto com seu pai adotivo. O teor crítico já conhecido em sua obra volta, desta vez tem como alvo o fanatismo religioso e a violência ocorrida em consequência dele. Fiéis perseguem e atacam Clara, após descobrirem que ela estava em posse de um livro e fazendo rituais. O ponto mais sarcástico e que me agrada, é como o diretor ressalta que os “homens de bem” ou que pregam a palavra do Senhor, são mais perigosos do que aqueles julgados por eles, em muitos casos, eles mesmo podem ter seu pacto com o diabo e usam a ignorância e a fé das pessoas contra elas mesmas para alcançar os seus desejos terrenos.

É interessante notar como Rodrigo Aragão evolui durante sua filmografia, pois, Mar Negro possui uma trama bem mais complexa da vista em Mangue Negro por exemplo, além do aprimoramento das técnicas de direção tanto em condução de narrativa quanto na direção de atores. O aspecto auto-irônico e do exagero pelo humor macabro sinto que ficam para trás, sendo substituído por um tom mais sério e angustiante.

Por fim, a grande estréia da décima edição do Cinefantasy O Cemitério das Almas Perdidas é a prova de que cinema é construção e de como Rodrigo Aragão é um grande contribuidor para o cinema fantástico de nosso país. É impressionante que mesmo com um orçamento mais robusto do que seus filmes anteriores, a criatividade ainda é sua principal ferramenta e ele consegue criar um filme épico totalmente brasileiro. Tudo que ele realizou até aqui culmina nesse filme, a crítica aos temas políticos e sociais, a violência exagerada, a criação de criaturas fantásticas e o cuidado com os efeitos especiais e a criação de cenário. Considero este filme uma das grandes conquistas do cinema nacional esse ano e talvez dos últimos anos.

Para saber mais sobre o filme, leia a crítica do Necronomiconversa escrita pelo Euller Félix, que pode ser encontrada no link: https://necronomiconversa.com/o-cemiterio-das-almas-perdidas/.

Portanto, a homenagem do festival Cinefantasy à obra do diretor Rodrigo Aragão nesta edição é mais do que justa, a retrospectiva de sua carreira é imperdível, pois nela vemos a evolução de um cineasta brasileiro que trabalha com poucos recursos mas mesmo assim consegue acessar mundos fantásticos através da criatividade e as ferramentas oferecidas pelo cinema, além de um retrato da realidade social brasileira feito da forma mais crua e horripilante possível, mas extremamente reflexiva e necessária. A cada filme entregue por ele, fica a expectativa para a próxima empreitada no “Aragãoverso” e a pergunta de como vamos ser amedrontados através de uma fantasia, que muitas vezes é pautada em nossa realidade.


#65 – Hitchcock: Psicose

Necronomiconversa
#65 - Hitchcock: Psicose
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E no episódio de hoje eu (Euller Felix) e o Matheus Maltempi recebemos o Diego Quaglia e a Eduarda Wilhem para encerrarmos nossa série especial sobre Alfred Hitchcock! Nesse último episódio falamos sobre PSICOSE!!!

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Artes do episódio por Juliana de Melo 

Edição feita por Euller Felix

Cinefantasy – Retrospectiva Rodrigo Aragão, Parte 2

Rodrigo Aragão tem por tradição em sua filmografia trabalhar com monstros, sendo responsável pela criação do visual das criaturas. Muitos deles são trazidos do folclore brasileiro ou então passam por uma repaginação para se adaptar às narrativas compostas nos ambientes brasileiros como citei na parte 1 desta retrospectiva.

Em 2008 o diretor lançou seu primeiro longa-metragem, intitulado como Mangue Negro o longa conseguiu ter bastante reconhecimento dentre a comunidade de fãs do gênero horror. O primeiro item que salta aos olhos, é o fato de ser um filme brasileiro sobre zumbis, um tema que foi pouco explorado na cinematografia nacional. É interessante ver como ele adiciona esta criatura ao ambiente que dá nome ao filme, o mangue. Os moradores locais começam a ficar doentes após a contaminação do mangue e consequentemente dos peixes e crustáceos que viviam no local e serviam de alimentação. Logo no primeiro filme é possível perceber a preocupação temática em tecer uma crítica, neste caso a exploração insustentável de ecossistemas por grandes empresas e a falta de empatia com a população mais pobre que depende dele para sobreviver.

A narrativa do filme pode parecer um pouco confusa no início por alternar entre diversos personagens, mas logo Luís da Machadinha interpretado por Walderrama dos Santos toma o protagonismo para si, junto de seu interesse amoroso Raquel, interpretada por Kika de Oliveira. O filme chama a atenção pela construção do ambiente que cerca os personagens principais, como as cabanas de madeira e a atenção aos detalhes que referem-se a decoração das casas que refletem os dia a dia daqueles personagens.

Dois personagens que eu particularmente gosto muito são o Agenor dos Santos, interpretado por Markus Konká, um pescador contador de história mas que conhece todo o mangue e a D. Benedita, interpretada por André Lobo, uma benzedeira que faz remédios e conhece as receitas para qualquer enfermidade, além de parecer ser a única do local que sabe a verdade sobre o que está acontecendo, muito por causa de sua vivência. Pessoalmente a D. Benedita ganha ainda mais personalidade por estar sempre oferecendo uma “sopinha de taioba” para os protagonistas.

Os zumbis mostram o esmero de Rodrigo Aragão quanto à criação de universos fantásticos e o amor que o diretor tem pelo que faz, pois, tanto a maquiagem quanto os mecatrônicos são impressionantes, e a obra se destaca por ter sido feita apenas com R$ 65.000,00, denotando como o cinema é um trabalho coletivo e o exercício da criatividade para contar uma história deve ser a principal ferramenta de um diretor.

Falando em arte coletiva grande parte do elenco dos filmes de Aragão, se repetem durante a sua filmografia, não sendo diferente em A Noite do Chupacabras lançado em 2011. O filme trata-se da rivalidade entre duas famílias, que são inimigas por causa de uma disputa de terras, a situação fica mais grave após uma criatura atacar ambas as propriedades e a guerra entre as duas voltar com mais força ainda após uma trégua, desta vez a luta é ainda mais sangrenta, o que torna o Chupacabras ainda mais violento.

É importante ressaltar que este filme possui uma criatura totalmente brasileira, criada a partir de lendas urbanas e contos populares, e o diretor pôde criar do zero sua aparência. O roteiro é um pouco mais complexo que o de seu filme anterior e o escopo maior, com cenas de tiroteio e ação, inspiradas no melhor da mistura entre horror e western.

Este filme é um pouco menos sério que Mangue Negro, trazendo um humor macabro através do exagero na representação da violência e da relação entre personagens. Outro fator importante é sobre a adição de Joel Caetano, que viria a ser o assistente de direção de Rodrigo Aragão em seus próximos filmes, como um dos protagonistas do filme, Douglas da Silva. Também temos a participação especial do diretor Petter Baiestorf, da Canibal Filmes, como Ivan Carvalho, líder da família antagonista do longa. Para finalizar, o roteiro do filme ainda adiciona outra criatura das lendas urbanas, aqui chamado de Velho do Saco, interpretado por Cristian Verardi.

 

Este é o fim da parte 2 da Retrospectiva da Filmografia de Rodrigo Aragão como parte da cobertura da décima edição do Cinefantasy. Venha conferir a terceira e última parte que será lançada na sexta-feira!


Cinefantasy – Retrospectiva Rodrigo Aragão, Parte 1

A décima edição do festival Cinefantasy teve seu início no dia 6 de setembro, e para abrir o festival houve a estréia, no cinema Drive-In do Belas Artes, do filme O Cemitério das Almas Perdidas do diretor Rodrigo Aragão, que também ficou disponível no dia 7 e 13 na plataforma “Petra Belas Artes À La Carte”. A nova edição não somente selecionou o novo filme do diretor como abertura, como também o escolheu como um dos homenageados do ano, tendo disponibilizado uma retrospectiva de sua filmografia no serviço de streaming do Belas Artes, plataforma na qual o festival está sendo realizado.

Rodrigo Aragão é um cineasta capixaba, que, segundo entrevistas cedidas na mini-série televisiva Trash! A Série, iniciou sua carreira pelo amor ao cinema fantástico que assistia quando garoto, querendo reproduzir tais obras e treinando efeitos especiais desde então, com as maquiagens da mãe e o que mais encontrava. Tal amor e comprometimento com o cinema fantástico é evidente em toda a sua filmografia, que teve seu início com curtas-metragem de baixo orçamento e foi reconhecida na estréia de seu primeiro longa-metragem, Mangue Negro, primeira parte do que seria uma trilogia de filmes.

Antes de falar sobre cada um dos filmes, que estará disponível na parte 2, que pude revisitar graças ao festival, acho importante apontar traços de sua direção que estão presentes em toda sua filmografia e que o tornam um diretor com um traço autoral e reconhecível por todos que assistem mais que um de seus filmes.

 

 

Sem exceção, todos os seus filmes contam com uma questão de brasilidade, isso se dá pela escolha da temática, dos monstros abordados, mesmo que alguns deles não façam parte do folclore brasileiro, a forma como eles são representados dão conta de “abrasileirar” criaturas como zumbis, que não são exclusividade do Brasil por exemplo. Há uma atenção muito grande nos detalhes, provavelmente devido à uma preocupação com a recepção do filme nesse sentido de nacionalizar a obra, pois a localização e cenário, a forma como os personagens são retratados, inclusive no seu modo de falar e maneirismos, não nos transportam para outro lugar que não seja o Brasil.

Um outro ponto presente é a interiorização das narrativas, que remetem muito o interior da região Sudeste brasileira, que para mim que sou do interior de São Paulo são muito reconhecíveis, me fazendo lembrar de Festa Junina em diversos momentos de seus filmes. Não é uma novidade trazer costumes brasileiros à um filme de horror, já que Mojica desde  À Meia Noite Levarei Sua Alma introduz tal estética, além da Boca do Lixo e o terrir de Ivan Cardoso que “abrasileirava” o horror internacional através da paródia. A influência destes dois diretores e de outros que já faziam filmes de terror antes de Aragão são claras em sua obra, entretanto, a regionalização de sua obra e a preocupação com esta identidade brasileira se recombina com estas influências gerando um resultado único com uma identidade própria, denotando a mão autoral que o diretor tem ao conduzir suas narrativas.

Rodrigo Aragão não representa o Brasil apenas na temática e narrativa mas também faz isso através da forma fílmica que evoca um resultado que faz uma breve homenagem ao cinema marginal, importante movimento cinematográfico no Brasil da década de 60, do qual Mojica fez parte e outros nomes importantes como Rogério Sganzerla (O Bandido da Luz Vermelha). Tais referências e inspirações expostas no filme são trazidas pelo tom de auto-ironia que o diretor imprime em suas narrativas, auto-ironia essa representada pelo humor que se dá não somente pela homenagem ao filme b de horror, mas também pela crítica política e social ácida que seus filmes trazem.

 

 

A violência expressa pelo gore e os baldes de sangue em cena misturado com as cenas de erotismo e diálogos dotados de gírias e palavrões, demonstram essa rebeldia e crítica do diretor com a política, e com os cânones de um cinema clássico, mesmo que os filmes sigam um padrão de montagem e ferramentas narrativas para conduzir o conteúdo. O caráter auto-irônico e marginal de seus filmes revelam uma consciência crítica e política de luta através da arte, que tornam seus roteiros relevantes para a época em que foram produzidos mas que também são muito atuais. Políticos depravados exploram o povo miserável e causam horrores tanto em 2008 quanto em 2020, o fanatismo religioso ainda é um problema no Brasil nesses doze anos da filmografia de Aragão, patentes militares ainda fazem mau uso de seu poder através da opressão, os problemas ambientais causam consequências catastróficas para as vidas animais e humanas mas ninguém poderoso parece ligar.

Revisitar alguns de seus filmes agora em 2020, durante uma pandemia, com o pantanal em chamas, vendo o fanatismo religioso crescer cada vez mais nas televisões, redes sociais e ambientes familiares e tornando-se cada vez mais violento e ainda acima de tudo isso poderosos no governo que incentivam o que foi dito anteriormente através de propaganda e desmontes educacionais e culturais tornou a experiência assustadora.

Assistir estes filmes demonstrou o caráter atemporal de sua obra que parece ter até o dom da premonição, mas na verdade só denota capacidade de leitura da sociedade brasileira do diretor e como abstrair o mundo ao redor em fábulas fantásticas, ao mesmo tempo que homenageia o cinema nacional também traz muita inovação a filmografia brasileira, que serve de exemplo e inspiração para muitas pessoas, assim como eu, que querem entrar no ramo de produção audiovisual, mais especificamente no filme fantástico.

 


Cinefantasy – O Patalarga

As animações têm o grande poder de nos trazer discussões sobre assuntos sérios e relevantes sempre inovando na sua narrativa e em linguagem. Já vimos isso quando escrevemos sobre La Casa Lobo que faz uma discussão sobre os momentos ditatoriais que vivemos na América Latina, hoje vamos falar de “O Patalarga” que é um longa…


The Witching Hour #22 – The Love Witch

Necronomiconversa
The Witching Hour #22 – The Love Witch
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Sejam bem-vindos ao podcast The Witching Hour, comandado pela Michelle Henriques e pela Jéssica Reinaldo.

Nesse podcast a gente fala de terror dirigido por mulheres!

No programa de hoje conversamos sobre o filme “The Love Witch”, da Anna Biller. E tivemos a participação da querida Mia Sodré, do Querido Clássico.

Esperamos que gostem!

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Edição por Euller Felix 


Cinefantasy – Na Pedreira

O gênero do horror é para mim aquele que melhor consegue discutir as questões sociais que vivemos na nossa sociedade. Recentemente vimos em obras como Midsommar (2019) e Homem Invisível (2020) às formas que o gênero consegue discutir questões de relacionamentos abusivos e demonstrar que muitas vezes o horror que mais apavora não é aquele…


Cinefantasy – Tubarões Voadores

Um grupo de pesquisadores e agentes secretos comandados por uma grande agência dos EUA descobrem uma base na Antártida, e do resultado dessa descoberta eles, involuntariamente, libertam uma tropa especial zumbificada do exército nazista que também são “pilotos” de tubarões geneticamente modificados. Portanto eles colocam em risco a segurança do mundo que agora é atacado pelo exército nazista e apenas o bilionário centenário Klaus Richter, suas duas filhas e um grupo ressuscitado de boinas verdes podem salvar o planeta.

Sim, este é um breve resumo do que lhe aguarda quando for assistir Tubarões Voadores do diretor Marc Fehse. Em um primeiro momento essa mistura parece ser uma fórmula sem noção para um desastre, mas que é tão insana que há uma esperança de tornar-se um bom entretenimento auto-irônico, ainda mais para alguém que, como eu, gosta de filmes surtados e que não possuem sentido algum. Infelizmente a diversão não existe, e resta apenas o desastre que já era previsto.

O filme é uma mistura de elementos que já estamos acostumados em grandes filmes do gênero horror, mas que aqui aparecem como um apanhado de referências em uma tentativa frustrada de tentar prender o espectador mais nostálgico. Contamos com aparições de convidados muito especiais do imaginário de quem cresceu assistindo produções B na Tela de Sucessos no SBT, entre eles o ator Tony Todd, o bizarro legista do primeiro Premonição (2000), Mick Garris, diretor da série O Iluminado (1997), Psicose 4: A Revelação (1990), entre outros clássicos, além da atriz Barbara Nedeljakova, que ficou conhecida por seu papel em O Albergue (2005).

 

A presença de rostos conhecidos não é o suficiente para estabelecer alguma conexão sequer com o filme, que é um festival de exageros conduzido por um visual inspirado em quadrinhos, que me lembrou muito dos filmes do diretor Zack Snyder. Entretanto, tal estética só atrapalha pela quantidade de computação gráfica e tela verde que tira todo o impacto da ação e gore que deveriam ser o carro chefe do filme, mas infelizmente é falha. Soma-se isso à um roteiro que não se esforça nem para ser compreensível e uma quantidade enorme de nudez desnecessária que faz parecer que o exército nazista e os boinas verdes não são a única coisa do filme que vieram do passado.

Gosto de pensar que tudo é uma experiência e experiência é aprendizado, e toda obra acerta em alguma coisa, essa também acerta apesar da quantidade de absurdos e péssimas representações. A trilha sonora bem oitentista inspirada em vaporwave e alguns planos que também seguem essa estética são um ponto bem alto, além da cena inicial do ataque ao avião, que me fez ter alguma fé no filme.

Tubarões Voadores não teve efeito algum em mim, entretanto acredito que deva haver algum público para ele, talvez aqueles que gostem ainda mais do que eu desse estilo de cinema extremamente descompromissado e sem noção, e me parece que ele é construído à este nicho que consome produções como Sharknado (2013) e outros filmes do canal Syfy, talvez seja divertido assistindo com amigos também (durante a pandemia isso pode ser feito pelo Discord, Skype e etc., mas fica em casa se puder). Para mim o ponto alto de Tubarões Voadores foi a aparição mais do que especial do ator Cary-Hiroyuki Tagawa, o eterno “Shang Tsung” do clássico Mortal Kombat (1995), que talvez faça mais o meu estilo de filme exagerado e descompromissado.