E está oficialmente acontecendo a décimo edição do Cinefantasy que esse ano por conta da pandemia está acontecendo através da plataforma Belas Artes A La Carte. O festival conta com diversos longas e curtas metragens que estão disponíveis na plataforma até o dia 20 de setembro. 

O filme que abre o festival é o tão aguardado “O Cemitério das Almas Perdidas” do cineasta Rodrigo Aragão. O longa conta a história de navegantes da era colonial do Brasil e que foram corrompidos pelo poder do livro de Cipriano. Depois de um ataque a uma aldeia indígena e da traição de um dos jesuítas eles acabam sofrendo uma maldição e se veem obrigados a viverem pela eternidade presos na ruínas de um cemitério.

Observamos no filme de Aragão muito da história do período colonial e a sua ligação com o presente. No início do filme vemos a chegada dos jesuítas no Brasil e a opressão contra as aldeias e culturas indígenas. No futuro vemos o fundamentalismo religioso que assim como ocorreu no passado, se utiliza de violência não só para subjulgar aqueles que pensam diferentes, como também para cumprir um pacto que fizeram com o mal com o intuito de preservarem a sua vida e das pessoas da pequena cidade. Mostrando que mesmo séculos se passem, o fundamentalismo que passa por cima de outras culturas continua matando tanto quanto antes. 

Para mim as idas e vindas entre passado e presente configuraram um problema na narrativa, que fez com que algumas vezes eu me desprendia da história e perdia um pouco da imersão que estava tendo durante o filme. Por outro lado, sinto que mesmo que eu tenha sido abruptamente tirado da imersão da obra, a excelente direção de Aragão me trazia de volta e eu acabava me reconectando de novo com os personagens e a história.

Evidente que não poderíamos deixar de destacar as cenas de gore e sangue típicas do cinema de Rodrigo Aragão e que são um espetáculo à parte no filme. 

Rodrigo Aragão consegue mais uma vez nos entregar uma grande obra horror brasileiro, dessa vez um épico, com cara, jeito e essência de um bom filme feito no Brasil. Uma obra digna da dedicatória ao grande cineasta José Mojica Marins que nos deixou em fevereiro de 2020 ao qual vemos no início do filme.