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The Witching Hour – Piloto

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The Witching Hour - Piloto
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Sejam bem-vindos ao podcast The Witching Hour, comandado pela Michelle Henriques e pela Jéssica Reinaldo.

Nesse podcast a gente fala de terror dirigido por mulheres! E nesse primeiro episódio a gente se apresenta e conta um pouco mais do projeto.

Esperamos que gostem!

Edição por Euller Felix 

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Santa Clarita Diet: Quando o horror e a comédia andam juntas

Se você já se encontrou no catálogo da Netflix, pescando algo para assistir e consequentemente perdendo mais tempo procurando do que assistindo, hoje lhe trago uma pérola que lá reside: Santa Clarita Diet. A primeira temporada foi lançada em 2017 e tendo mais duas temporadas nos dois anos subsequentes essa série explora a vida de…


#43 – Comboio do Terror

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#43 - Comboio do Terror
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E no episódio de hoje eu (Euller Felix), o João Paulo e a Michelle Henriques nos reunimos para discutir esse filme maravilhoso dirigido por Stephen King que é o Comboio do Terror!

 

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Artes do episódio por Juliana de Melo

Edição feita por Euller Felix

O Último Riso

Ambientado na pequena cidade de Glauber, O Último Riso é o mais novo lançamento do autor Leonardo Duarte, que se encontra disponível na Amazon.  Nessa pequena história conhecemos o curioso e insistente Luke Shaw, um garoto cercado pelo amor da mãe e da irmã, que adora passar seus dias na companhia dos amigos.  Quando um…


#42 – O Horror é politico

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#42 - O Horror é politico
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E no episódio de hoje eu (Euller Felix) e o João Paulo recebemos a Emanuela Siqueira, a Gabi Larocca e o Rodolfo Stancki para debatermos sobre como o cinema de horror (e tudo nesse mundo) é politico.

Pedimos desculpas pelas pequenas falhas de áudio, infelizmente tivemos problemas técnicos na gravação e na edição do programa, mas ele ficou sensacional então tínhamos que publicar!

 

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Artes do episódio por Juliana de Melo

Edição feita por Euller Felix

Jumpscare é tão ruim assim?

Um dos mecanismos mais utilizados no cinema de terror é o jumpscare, e isso muitas vezes não agrada todos os fãs do gênero. Sempre que tem uma estreia de algum filme de terror vejo gente reclamando de como esse recurso é utilizado. Muitas vezes as reclamações são acompanhadas de afirmações que o filme em questão…


A Hora da Sua Morte – A Ignorância é uma Bênção

 

A Hora da Sua Morte é um filme dirigido por Justin Dec e conta a história de Quinn (Elizabeth Lail), uma enfermeira que por curiosidade decide baixar um aplicativo que revela com exatidão quanto tempo de vida seus usuários possuem. O filme segue o estilo de outras obras onde pessoas, por curiosidade ou por acidente, ativam uma espécie de maldição que as persegue e um a um os personagens vão morrendo de formas diferentes, criativas e geralmente bastante gráficas.

Sua trama se encaixa perfeitamente em uma fórmula que pode ser encontrada no texto de Noël Carroll, intitulado “Why Horror”, no qual ele diz que os filmes de horror, em sua maioria, possuem uma estrutura baseada na curiosidade, tanto do espectador, que mesmo sabendo das reações externas que vai sofrer, provocadas pelo medo e conteúdo gráfico dos filmes, continua a assistir, e do personagem principal que está em um jogo de procura e descobertas. Primeiro, o espectador descobre que algo está errado, enquanto o personagem ainda duvida da paranormalidade dos eventos, logo em seguida o protagonista finalmente descobre que sim, ele está em uma situação de perigo da qual não sabe como resolver, ele então encontra outros personagens para ajudar em sua busca atual que é sobreviver. Depois ele desvenda o perigo que o aflige, para então achar um modo de solucionar o problema e por fim executar o plano e enfrentar o inimigo,  retornando para seu estado de calmaria do início do filme, para que nos últimos segundos ele descubra que sua vitória não foi tão bem sucedida assim, ou outra possibilidade de final é o protagonista perder a luta para o que o assombra.

E assim segue A Hora da Sua Morte com bastante exatidão e fidelidade à esta estrutura, não é um problema agarrar-se a fórmulas já estabelecidas, contudo, é importante se atentar ao fato de que elas podem estar desgastadas e decidir rumar por elas faz com que seja preciso que a estrutura do filme seja recheada de um conteúdo bom, que pelo menos entretenha a quem assiste. O que não ocorre nesse caso, ele além de se apegar a uma estrutura repetitiva, ele não traz nada muito novo ou relevante para que o filme seja pelo menos divertido. O que mais incomoda é o fato de ele tentar durante a narrativa tratar de assuntos sérios como assédio no ambiente de trabalho, por exemplo, usando-o como subterfúgio para alguns acontecimentos ao final da trama, e ele não se aprofunda de forma consciente no tema que demanda maturidade ao ser discutido.

A forma como o enredo é conduzido também se limita a criação de setups que culminam no clássico, mas também batido, jump scare. Mesmo fazendo sentido para a trama, pois a pessoa que quebra as regras do aplicativo fica amaldiçoada e o demônio quer aproveitar o pouco tempo de vida que elas têm enlouquecendo-as. As sequências são montadas de forma muito pobre criativamente, levando o filme a um lugar comum como outras obras que prezam mais o susto do que uma narrativa e composição potentes de planos, ou então que pelo menos divirta e não faça parecer que foi um tempo desperdiçado por parte de quem assiste.

Nem mesmo as mortes presentes no filme são gráficas ou criativas, como por exemplo as que vemos em Premonição, elas são executadas fora do plano – não aparecem em tela – talvez para manter a censura mais branda e alcançar mais pessoas, contudo a violência em um filme com um pressuposto como o dele é essencial, pois um dos objetivos do enredo é aterrorizar os protagonistas que terão o mesmo destino, por consequência colocando medo e desgosto em quem assiste.

O filme não é de todo ruim, o roteiro tem uma certa coerência e respeita muito bem as regras que ele mesmo cria, sabendo inteligentemente resolver a maldição adquirida por quem baixa o aplicativo e quebra o contrato de usuário. O fato de Quinn ser uma enfermeira e trabalhar em um hospital agregam e muito para a história que está querendo ser contada e a forma como ela será resolvida. Portanto, é notável que houve um tratamento do roteiro e uma escrita bem pensada nos detalhes relacionados a fábula do filme, ou seja, a história do aplicativo, os porquês e o funcionamento do software e da criatura que está por trás dele, isso é tudo muito bem feito, contudo muito mal utilizado por conta do exagero de clichês e da infantilidade do restante da trama que não consegue achar um equilíbrio entre se levar a sério – os personagens têm relações familiares traumáticas rasas, falta de profundidade nos assuntos que parecem jogados – ou ir para o lado da galhofa e assumir o absurdo de um aplicativo que mata pessoas que quebram suas regras. O filme possui alguns tons cômicos envolvendo dois personagens, que são engraçados, contudo pela falta de conexão entre os elementos jogados na trama, eles ficam sobressalentes.

A Hora da Sua Morte é um filme que joga muito no seguro, sendo bastante tímido quando procura alguma seriedade na trama por falta de coragem ou vontade de se aprofundar no que está sendo introduzido, tornando-o bastante esquecível e limitado a alguns jump scares sem graças. O universo criado em volta do aplicativo é interessante e possui uma certa inteligência de escrita, mas que não é suficiente para livrar a obra, que parece uma colcha de retalhos, de um destino no limbo junto com as dezenas de filmes parecidos que são produzidos anualmente.


O Homem Invisível

O Homem Invisível livro de H.G Wells de 1897 já foi adaptado para o cinema em 1933 e desde que foi anunciado uma nova versão em 2020 com Elisabeth Moss no papel principal, expectativas altas para o filme foram criadas. O que também ajudou a manter essa expectativa alta foram as imagens, teasers e trailers…


#41 – O Farol

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#41 - O Farol
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E estamos de volta! Eu não aguentei e decidi publicar o episódio uma semana antes do planejado. No episódio de hoje, eu (Euller Felix) recebo os amigos Filippo Pitanga, Jessica Reinaldo e Luiz Henrique pra gente discutir um pouco sobre o filme maravilhoso de Robert Eggers, O FAROL!

 

Comentados no episódio

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Edição feita por Euller Felix 

Arte por Juliana de Melo

 


Fábulas Negras (2014) – Uma união de grandes diretores do cinema brasileiro

As Fábulas Negras é um longa-metragem lançado em 2014, tratando-se de uma compilação de cinco curtas-metragens dirigidos por Rodrigo Aragão, Petter Baiestorf, Joel Caetano e José Mojica Marins. Três diretores que tiveram origens parecidas e encaram a forma de fazer seus filmes de forma semelhante, artesanalmente, mão de autor, uso dos cânones do horror e a vontade de fazer e de criar um horror puramente nacional, se juntam com um dos predecessores do horror brasileira e provavelmente grande influência para eles: Mojica, o Zé do Caixão.

Como já dito trata-se de um longa metragem formado por curtas, As Fábulas Negras, idealizada por Rodrigo Aragão, traz filmes que tem o objetivo de recontar histórias do folclore brasileiro de uma forma subversiva e macabra. Um dos maiores méritos do filme é como ele consegue representar a cultura brasileira, sua regionalidade e variedade cultural de quase todo o país nos curtas, pois nada mais nacional do que o próprio folclore brasileiro. Os curtas são: O Monstro do Esgoto, por Rodrigo Aragão, Pampa Feroz, por Petter Baiestorf, O Saci, por José Mojica Marins, Loira do Banheiro, por Joel Caetano e Casa de Iara, por Rodrigo Aragão. Todos interligados por uma mini-trama em que crianças brincam e começam a contar histórias de horror da região quando passam por locais que os fazem lembrar delas, tudo isso com um imaginário puramente infantil, contudo subvertido pela dramatização com imagens cheias de violência e uma escatologia que parece adaptado do naturalismo literário.

A estética dos filmes segue um padrão, uma fotografia escura, amarelada, com uma cor de terra, remetendo ao interior dos estados brasileiros, local onde a ação da maioria dos curtas ocorrem, fazendo muito sentido com a sua temática, pois o interior do país é onde essas histórias são muito consumidas e compartilhadas formando um imaginário popular. A transição de histórias e planos se dá por um efeito de projetor mantendo grãos na imagem, conversando com a fotografia que dá um toque envelhecido para a imagem.

O Monstro do Esgoto, curta-metragem que abre a antologia é o único, entre os demais, que aborda uma crítica política. Ele repreende ferrenhamente, de forma cômica e irônica, a corrupção e mau uso do dinheiro público, principalmente em pequenas cidades mas que também cabe ao país como um todo, e ao sistema de serviços públicos ineficiente. É interessante como ele faz essa crítica, porque a direção usa de um elemento narrativo clássico do horror, que é a loucura causada por um evento sobrenatural, mas nesse caso a loucura do protagonista se dá pela ineficiência de um serviço público e a sensação impotência do personagem diante da situação que não consegue resolver, mesmo seguindo todos os procedimentos legais recomendados para a resolução do problema, ele é mal atendido pelos funcionários responsáveis, é obrigado a pagar multas, ou seja uma total situação de impunidade. Ao final o monstro que seu filho achou no encanamento não era o maior perigo do curta e sim o monstro que seu pai se tornou graças a ineficiência e desprezo do órgão público.

 

 

Sobre o monstro que o garoto guardava em uma caixa, deve-se notar uma reprodução de uma ferramenta clássica, muito utilizada em Friday the 13th (1980) entre outros filmes, a câmera subjetiva para não mostrar o monstro, utilizando do texto fílmico para dialogar sobre a máxima do horror que é o mostrar ou não mostrar, ou o quanto mostrar. Ele se mantém escondido até os minutos finais do curta, onde é um padrão ser a hora de mostrar, então temos os monstros e o gore sendo usados e abusados em tela.

 

 

Pampa Feroz, que vem em sequência, dirigido por Petter Baiestorf tem como característica ser bastante regional dentre os demais da coletânea, trazendo caricaturas típicas do Sul do país através do uso de signos muito característicos do lugar, como por exemplo a figura do gaúcho, grandes fazendas e trabalhadores delas, chimarrão, o sotaque e por fim o estilo caricato dos capatazes. A temática também se alia com o imaginário de um interior rural, pois a figura do lobisomem é parte de uma história que tem origem em meios rurais muito por causa do cenário e do que a imaginação pode inventar em locais isolados a noite.

 

 

O episódio é sobre uma dúvida instaurada na cabeça dos locais, onde uma fera matou um dos homens do dono da fazenda, e eles estão tentando descobrir quem é. A história faz um comentário crítico sobre preconceito religioso, visto que eles colocam a culpa em um senhor que mora nos arredores da grande, chamando-o de “macumbeiro”, então temos aí uma leve discussão acerca das origens do medo no que não conhecemos e como ele fica mais forte dentro de grupos que compartilham a falta de conhecimento sobre aquilo que é novo, neste caso, a intolerância religiosa.

 

 

O Saci dirigido por José Mojica traz uma releitura de um dos personagens mais clássicos do folclore brasileiro, desta vez com uma visão muito mais perversa. Novamente o “monstro” não é mostrado, e se assemelha muito a uma versão moderna e brasileira do demônio Pazuzu de o Exorcista (1973), pois o Saci não mais azeda o leite, dá nó na crina de cavalo ou rouba ovos de galinhas, ele agora pune e caça quem desrespeita os espíritos da floresta com o desejo de possuir e enlouquecer seus alvos.

A referência ao Exorcista está presente na sequência de exorcismo, contudo ela não passa de apenas uma referência, pois toda a cena é bem “abrasileirada”, com um pastor (o próprio Zé do Caixão) gritando trechos da Bíblia, seguida de uma montagem alternada e sufocante entre possuída e o grupo exorcizando, além da movimentação de câmera nauseante e os planos fechados que ajudam a causar esse efeito incômodo tão desejado pelo veterano diretor. Uma curiosidade sobre a cena do exorcismo, e outros frames seguintes são as pontas feitas pela equipe neste curta metragem.

 

 

A Loira do Banheiro de Joel Caetano traz um outro clássico das lendas urbanas brasileiras, de um jeito brasileiro mas com um flerte no cinema japonês de horror, o internato de garotas e até a forma como elas se vestem lembram muito os filmes orientais. Um dos frames do filme, as luzes piscam, um banheiro abandonado e uma garota está de costas no centro do lugar, enquanto outra garota se aproxima dela, alternando entre inserts da mão que se aproxima da figura estranha e closes do rosto apreensivo, homenageia os clássicos como Ju-On (2002) ou Ringu (1998), tanto pelo set-up da cena quanto seu clímax final, o cenário também ajuda a remeter as histórias de assombrações asiáticas, tanto no cinema como nos jogos, o banheiro apodrecido lembra muito de Silent Hill, por exemplo.

 

 

O efeito desse flerte entre cinema brasileiro e japonês traz um resultado interessante e uma boa capacidade de articular os cânones, já que a colorização, a locação, os personagens e o estilo da escola/internato cria uma mistura interessante de nacionalidades formando uma estética nova e própria, que causa uma confusão de local e anacrônica, pois ele utiliza uma lenda brasileira e  a mescla com nacionalidades características de outros cinemas. É um curta exemplo de como o gênero horror possui um caráter simbionte de englobar diversos cânones de diversas regiões e gêneros cinematográficos criando uma estética nova a partir da boa reutilização do já conhecido.

 

 

A Casa de Iara é o último curta-metragem, de menor duração e o mais imagético de todos eles, com poucos diálogos, o foco dele é ser forte visualmente falando, seja na violência quanto na erotização culminando na mistura dos dois elementos, por uma sequência de efeito incômodo e indigesto, trazendo contigo uma das principais características do gênero, a externalidade, o espectador certamente vai se incomodar com o que está em tela configurando-se em um sentimento, no melhor dos sentidos, de repulsa na platéia

O último curta se amarra com a história dos garotos porque a casa de Iara é o último lugar por onde as crianças percorrem, na casa o monstro do primeiro curta ataca um dos meninos no último frame, que acaba com um close no rosto do garoto, novamente muito expressivo e exagerado, longe de qualquer realismo/naturalismo, reforçando outro cânone narrativo do final pessimista em que a vítima morre e a sensação de insegurança jamais vai acabar.