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Ravina

Nas programações de festivais como o CineFantasy, alguns filmes já chegam com expectativas por conta da presença de certos nomes na equipe de produção. “Ravina”, por exemplo, entrou nessa condição por ser o longa de estreia de Balázs Krasznahorkai, assistente de direção do premiado “O Filho de Saul”. Na trama, Bailant é um obstetra húngaro…


Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror

Ao longo de sua vida, você sempre se sentiu representado no cinema? Se a resposta for afirmativa, pode ser interessante refletir se essa não seria uma condição privilegiada. Isso porque a população negra lida com as dificuldades de não se ver em tela de forma respeitosa e significativa. Essa questão levou a pesquisadora Robin R. Means Coleman a estudar o tema sob a perspectiva do cinema de terror. O estudo da autora proporcionou a publicação do livro “Horror Noire” em 2011, que serviu de base para a realização do documentário homônimo em 2019.

Sob a direção de Xavier Burgin, o filme de abertura do CineFantasy de 2021 percorre diferentes períodos da história para analisar e discutir diversas representações das pessoas negras no cinema de terror nos EUA. A narrativa parte do impacto de “Corra” de Jordan Peele, exemplificado pela força de sua história e pela premiação de roteiro original no Oscar de 2018, e retorna ao passado para examinar a trajetória do tema desde as origens do cinema. Essas análises são movidas pelos relatos, impressões, experiências e emoções de realizadores e realizadoras negros e negras, como Keith David, Rachel True, Tony Todd, Paula Jai Parker, Ken Foree, Jordan Peele, Loretta Devine e Ashlee Blackwell, além da própria Robin Coleman.

Como o cenário nem sempre foi tão favorável como em “Corra”, o documentário retorna aos anos 1990 para traçar uma sequência linear a respeito das pessoas negras à frente e atrás das telas. Para isso, a narrativa situa contextos históricos que contribuíram para uma representação depreciativa e estereotipada da população negra, começando em 1915 por “O Nascimento de uma Nação” que vilaniza os personagens negros e celebrava a Ku Klux Klan. A obra de D. W. Griffith não seria tradicionalmente considerada de terror, mas para o povo negro é uma demonstração do horror que se materializou na sociedade norte-americana com o recrudescimento da violência dessa organização racista. Em outros momentos da história, o diretor nos apresenta através de arquivos de época e registros jornalísticos, outros fatos políticos que influenciaram as artes, como os assassinatos de Martin L. King e Malcolm X, a violência policial e manifestações de supremacistas brancos.

Aproveitando-se da ligação entre política, sociedade e arte, o filme também percorre diferentes representações problemáticas nesse gênero a partir de imagens e exemplos significativos. Vemos estereótipos e preconceitos, dentre eles o homem negro que deseja obsessivamente mulheres brancas; monstros e alienígenas construídos como símbolos para a população negra; a mulher negra altamente sexualizada e objetificada; as primeiras vítimas de assassinos em filmes slasher; a caracterização do fiel serviçal ou da figura de sacrifício para um personagem branco sobreviver; o alívio cômico de expressões exageradas e olhos saltados; as sacerdotisas praticantes de vodu como uma religião maligna, entre outros. As conclusões da autora ganham ainda mais força quando podem ser visualizadas por trechos de obras como “King Kong”, “O Iluminado” e “Sexta-feira 13” – em cada caso, a narrativa mostra como homens negros e mulheres negras não tinham suas próprias histórias independentes nessas obras.

Em compensação, podemos ver também momentos e produções do gênero que buscam representações fora dessas questões problemáticas, apesar de ainda poderem receber críticas. Foi assim com os trabalhos de realizadores como Spencer Williams, Laura Bowman e Earl Morris, por exemplo; a importância do protagonista negro em “A Noite dos Mortos-Vivos” em 1968; o movimento Blaxploitation na década de 1970 com a presença maior de homens negros e mulheres negras em diferentes setores artísticos; o resgate do protagonismo nos anos 1990 com “Candyman”; e o mergulho explícito em questões sociais contemporâneas à transição para os anos 2000. Ao invés de abordarem acriticamente cada título, os artistas e Robin Coleman problematizam, por exemplo, os estereótipos novos de cafetina e cafetão surgidos no Blaxplotation e a perseguição de uma mulher branca por um homem negro em “Candyman”.

Apesar das problematizações e eventuais críticas, também necessárias para debates artísticos e sociais, os filmes com uma representação mais complexa impactam afetivamente os homens e as mulheres que se expressam com seus relatos de experiência. Em alguns momentos, inclusive, é enriquecedor ver Tony Todd falar de “Candyman”, Rachel True comentar “Jovens Bruxas” e outros artistas analisarem seus próprios trabalhos ou de colegas. Dividir as sensações de assistir a narrativas que destacam, invisibilizam ou desqualificam são essenciais para apresentar a importância da representatividade, empatia e da diversidade cultural e social – assim, é extremamente significativo ouvir as falas de tantas pessoas que demonstram o poder de histórias em que homens negros e mulheres negras podem ser heróis e não se resumem a estereótipos ou clichês.

Nesse sentido, filmar os relatos dos artistas e da pesquisadora numa sala de cinema é bastante expressivo da proposta do documentário: como o cinema de terror alcança ou não as pessoas negras nas suas representações ou em suas ausências. Além disso, a ambientação na sala de exibição e as falas de cada pessoa abordam três pilares vitais para produções artísticas representativas e portadoras de olhares sensíveis: a presença das pessoas negras nos filmes de terror, a representação cuidadosa das pessoas negras nos filmes de terror e a possibilidade real de criação das pessoas negras para os filmes de terror.

Partindo de “Corra” no contexto atual para explorar outras décadas da história do cinema, o documentário retoma ao final da narrativa a atualidade e olha para o futuro. Chegamos enfim a um cenário no qual não se sustentam mais representações preconceituosas e se estabeleceram de vez discussões raciais com grande força. E nesse novo panorama, “Horror Noire” em suas versões literária e cinematográfica é um documento histórico fundamental para repensarmos o valor social da arte e sua importância para transformações nas mentalidades e relações políticas.


Divulgado poster e selecionados da décima primeira edição do Cinefantasy

Foi divulgado o poster da nova edição do Cinefantasy e também os selecionados de todas as mostras.

A abertura do festival será um documentário imperdível, “Horror Noire” que fala sobre a representação negra no cinema de horror.

Confira todas as informações e o poster logo abaixo:

** Première Nacional dos filmes Porcelana de Jenneke Boeijink (Holanda), Morgana, de Isabel Peppard e Josie Hess (Austrália), e Ravina, de Balázs Krasznahorkai (Hungria), entre outros;

** Horror Noire: A História Do Horror Negro, dirigido por Xavier Burgin, e baseado no livro”Horror Noire: Blacks in American Horror Films, da década de 1890 até o presente”, ABRE o festival no dia 16/04;

** A arte desta edição é assinada pelo artista Robson Fonseca;

** DE 16 A 29 DE ABRIL DE 2021

O CINEFANTASY, considerado o maior e o principal festival brasileiro de cinema fantástico, anuncia a seleção de filmes para a sua 11ª edição.

O evento, que acontece de 16 a 29 de abril, online, na plataforma Belas Artes à La Carte (www.belasartesalacarte.com.br), recebeu mais de 780 inscrições de 69 países, onde foram selecionados um total de 140 filmes, entre longas e curtas.

Em Première Nacional, os filmes Porcelana de Jenneke Boeijink (Holanda), selecionado para o Festival Internacional de Roterdã; Ravina, de Balázs Krasznahorkai (Hungria), e Morgana, de Isabel Peppard, Josie Hess; Amigo, de Óscar Mártin (Espanha), Coração Dilatado, de Parish Malfitano (Austrália), Mãe, Sou Amiga De Fantasmas, de Sasha Voronov (Rússia), Playdurizm, de Gem Deger (República Tcheca), Os Guardiões Do Tempo, de Alexey Telnov (Rússia), Post-Mortem, de Péter Bergendy (Hungria), Sayo, de Jeremy Rubier (Canadá), serão exibidos pela primeira vez no festival.


Já os filmes brasileiros A Senhora Que Morreu No Trailer, de Alberto Camarero e Alberto de Oliveira, Como Vivem Os Bravos, de Daniell Abrew, Rodson Rodson Ou (Onde O Sol Não Tem Dó) de Cleyton Xavier, Clara Chroma e Orlok Sombra, Rosa Tirana, de Rogério Sagui, Voltei! de Ary Rosa e Glenda Nicácio, inéditos no circuito comercial, também estão entre os selecionados de longa-metragem. (Veja a lista completa abaixo).
O festival apresenta 13 mostras competitivas de curtas-metragens divididas em Mulheres Fantásticas, Horror, Ficção Científica, Fantástica Diversidade, Fantástico Black Power, Fantasteen, Fantasia, Estudante, Brasil Fantástico, Amador, Pequenos Fantásticos, Espanha Fantástica e Animação. Entre eles, os curtas República, de Grace Passô (Mostra Fantastic Black Power – Brasil), Emaranhado, de M.Noe (Fantástica Diversidade – Myanmar), e Anatidaephobia, de Alon Newman (Fantasteen- Israel).

Os selecionados concorrem ao Troféu José Mojica Marins e outros prêmios. Os filmes brasileiros vencedores são indicados para o disputado Prêmio FANTLATAM, premiação internacional da Alianza Latinoamericana de Festivales de Cine Fantastico.

A abertura acontece no dia 16 de abril com a exibição do filme Horror Noire: A História Do Horror Negro, dirigido por Xavier Burgin, e baseado no livro de não ficção de 2011, “Horror Noire: Blacks in American Horror Films, da década de 1890 até o presente”, de Robin R.Means Coleman.

A programação conta ainda com uma homenagem aos 80 anos de Neville D’Almeida, um dos maiores ícones do cinema nacional e responsável por recordes de bilheterias com os filmes “A Dama do Lotação”, “Matou a Família e Foi ao Cinema”, “Navalha na Carne”, entre outros sucessos.
O Cinefantasy é o primeiro festival do mundo a criar mostras permanentes voltadas para políticas afirmativas como as mostras Mulheres Fantásticas, Fantástica Diversidade (LGBTQIA+), e Fantastic Black Power (dedicada exclusivamente a filmes dirigidos por realizadores negros). A curadoria é composta por 14 profissionais especializados em cinema e o júri técnico é composto por 45 profissionais do audiovisual, que inclui nomes como Emilio Bustamante, crítico, pesquisador e cineasta (Perú), Leopoldo Muñoz, crítico, pesquisador e escritor (Chile), e Claudia Ruiz, cineasta, roteirista e produtora (Argentina).
A arte do cartaz desta edição é assinada pelo artista Robson Fonseca, natural do Amapá e radicado em Belém (PA), que atua no mercado audiovisual criando e realizando conteúdos multimídia há mais de 20 anos como roteirista e diretor de documentários, ficções, videoclipes e séries. Atualmente, trabalha no projeto de Graphic Novel 1977 Antes da Operação Prato.
Em breve será divulgada a programação completa, com muitas surpresas e novidades!

Serviço:
11º CINEFANTASY – de 16 a 29 de ABRIL de 2021
Onde: Belas Artes à La Carte – www.belasartesalacarte.com.br

Realização:
Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura, Proac, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, e FlyCow.

Veja abaixo a lista completa dos selecionados para a 11ª edição do Cinefantasy

DOCUMENTÁRIOS

MORGANA | MORGANA
Documentário | 71’ | cor | 2019 | 16 anos | Austrália
Direção: Isabel Peppard, Josie Hess

O PSICOPATA, CRÔNICA DE UM CASO NÃO SOLUCIONADO | THE PSYCHOPATH, CHRONICLES OF UNSOLVED CRIMES
Documentário | 84’ | cor | 2019 | 14 anos | Costa Rica
Direção: Estefanie Céspedes

O ALVORECER DE KAIJU EIGA | THE DAWN OF KAIJU EIGA
Documentário | 50’ | cor | 2019 | 12 anos | Espanha
Direção: Jonathan Bellés

A SENHORA QUE MORREU NO TRAILER | THE LADY WHO DIED IN THE TRAILER
Documentário | 98’ | cor | 2020 | 12 anos | Brasil
Direção: Alberto Camarero, Alberto de Oliveira

A VINGANÇA DE JAIRO | LA VENGANZA DE JAIRO
Documentário | 87’ | cor | 2019 | 12 anos | Colômbia
Direção: Simon Hernandez

NARRATIVAS DO PÓS | POST NARRATIVES
Documentário | 58’ | cor | 2020 | 14 anos | Brasil
Direção: Graubi Garcia, Jairo Neto

LONGAS-METRAGENS

AMIGO | AMIGO
Ficção | Drama/Suspense | 85’ | cor | 2019 | 14 anos | Espanha
Direção: Óscar Mártin

CORAÇÃO DILATADO | BLOODSHOT HEART
Ficção | Drama/Suspense | 90’ | cor | 2019 | 14 anos | Austrália
Direção: Parish Malfitano

MÃE, SOU AMIGA DE FANTASMAS | MOM, I BEFRIENDED GHOSTS
Ficção | Horror | 67’ | Cor | 2020 | 14 anos | Rússia
Direção: Sasha Voronov

OS GUARDIÕES DO TEMPO | THE TIME GUARDIANS
Ficção | Fantasia | 94’ | Cor | 2020 | 12 anos | Rússia
Direção: Alexey Telnov

PLAYDURIZM
Ficção | Drama/Fantasia/LGBT | 88’ | Cor | 2020 | 16 anos | República Tcheca
Direção: Gem Deger

PORCELANA / PORCELAIN
Ficção | Drama psicológico/Suspense | 96’ | Cor | 2019 | 14 anos | Holanda
Direção: Jenneke Boeijink

POST-MORTEM
Ficção | Horror/Suspense | 115’ | Cor | 2020 | 14 anos | Hungria
Direção: Péter Bergendy

RAVINA | HASADÉK
Ficção | Suspense | 92’ | Cor | 2020 | 14 anos | Hungria
Direção: Balázs Krasznahorkai

SAYO
Ficção | 62’ | Cor | 2020| 14 anos | Canadá
Direção: Jeremy Rubier

COMO VIVEM OS BRAVOS
Ficção | Faroeste | 88’ | Cor | 2020 | 16 anos | Brasil
Direção: Daniell Abrew

RODSON OU (ONDE O SOL NÃO TEM DÓ)
Ficção | Drama/Fantasia | 74’ | Cor | 2020 | 14 anos | Brasil
Direção: Cleyton Xavier, Clara Chroma, Orlok Sombra

ROSA TIRANA
Ficção | 72’ | Cor | 2020 | 14 anos | Brasil
Direção: Rogério Sagui

VOLTEI!
Ficção | Fantasia | 77’ | cor | 2020 | 12 anos | Brasil
Direção: Ary Rosa, Glenda Nicácio

MOSTRA PEQUENOS FANTÁSTICOS
Classificação indicativa: Livre

O EFEITO EM CADEIA | THE KNOCK ON EFFECT
Animação | Drama | 3’ | cor | 2020 | Taiwan
Direção: Yu-Wen Wang

TÉDIO | ENNUI
Animação | Fantasia | 5’ | cor | 2020 | França
Direção: Timothey Delhaize, Alexis Maerten-Lammin, Gabriel Richaud, Aurélia Tron

OM | OM
Animação | Fantasia | 3’ | cor | 2020 | Argentina
Direção: Gabriela Fernández

MICROTOPIA | MICROTOPIA
Animação | Fantasia | 3’ | cor | 2020 | França
Direção: Audrey Defonte, Denis Koessler, Philip Gonçalves, Alexandre Terrier, Pierre Duhem, Achille Bauduin

SE A VIDA TE DER UM ANZOL | IF LIFE GIVES YOU A FISHHOOK
Ficção | Fantasia | 6’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Uli Dile

DIGESTÃO | DIGESTION
Animação | Fantasia, Drama | 4’ | cor | 2020 | França
Direção: Annabelle Tamic, Sarah Erzen, Chloé Musa, Édouard Delfosse, Louis Lukasik

FRESQUINHO E SABOROSO | FRESH & TASTY
Animação | Comédia, Drama | 2’ | cor | 2020 | Austrália, Taiwan
Direção: Hsin-Hui Wang

A VIDA SECRETA DAS GALINHAS | THE SECRET LIFE OF HENS
Animação | Fantasia | 8’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Juliana Lino Paranhos

LATITUDE DE PRIMAVERA | LATITUDE DU PRINTEMPS
Animação | Fantasia | 7’ | cor | 2020 | França
Direção: Sylvain Cuvillier, Chloé Bourdic, Théophile Coursimault, Noémie Halberstam, Maŷlis Mosny, Zijing Ye

A BUSCA DE WILLY | WILLY’S SEARCH
Animação | Fantasia | 3’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Gabriel Gardiman, Caio Alves

GASHAPON | GASHAPON
Animação | Drama, Fantasia | 3’ | cor | 2020 | Taiwan
Direção: Wei-Han Huang

LIVRE-SE | FREE YOURSELF
Animação | Fantasia | 3’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Matheus Rodrigues Lopes, Vinicius Alves de Lima

MOSTRA MULHERES FANTÁSTICAS
Classificação indicativa: 18 anos

EU MATEI O PELACARA | YO MATÉ AL PELACARA
Ficção | Horror | 7’ | cor | 2019 | Peru
Direção: Andrea Eslava, Adeliz Ramos

DIABA | DIABLA
Ficção | Horror, Drama | 15’ | cor | 2019 | Estados Unidos
Direção: Ashley George

UMA CONVERSA COM E | A CONVERSATION WITH E
Ficção | Drama, Thriller | 5’ | cor | 2020 | Canadá
Direção: Esabella Strickland, Taylor Mitchell, Skylar A

MINHA AMADA VIRGÍNIA | MY BELOVED VIRGÍNIA
Ficção | Drama, Horror | 6’ | P&B | 2020 | Brasil
Direção: Bianca Mansur, Liara Belmira

M1DAS | M1DAS
Ficção | Ficção Científica | 12’ | cor | 2019 | Emirados Árabes
Direção: Razan Takash

EU TENHO O BLUES | J’AI LE CAFARD
Ficção | Fantasia, Drama | 14’ | cor | 2020 | Catar
Direção: Maysaa Almumin

IRIDESCENTE | IRIDESCENT
Ficção | Fantasia | 9’ | cor | 2020 | Costa Rica
Direção: Elena Aguilar

RONG | RONG
Ficção | Horror | 13’ | cor | 2019 | Indonésia
Direção: Indira Iman

MOSTRA HORROR
Classificação indicativa: 16 anos

SNAKE DICK | SNAKE DICK
Ficção | Horror, Fantasia | 8’ | cor | 2020 | Estados Unidos
Direção: David Mahmoudieh

O MATAR DE UMA CRIANÇA | THE KILLING OF A CHILD
Ficção | Horror, Drama | 12’ | P&B | 2019 | Holanda
Direção: Kim Kokosky Deforchaux

MATILHA | JAURÍA
Ficção | Horror, Fantasia | 16’ | cor | 2020 | Argentina
Direção: Miguel Vazquez

JUNTOS | TOGETHER
Ficção | Horror, Drama | 11’ | cor | 2020 | República Tcheca
Direção: Neal Dhand

CANINOS | CANINES
Ficção | Horror | 11’ | cor | 2020 | França
Direção: Abel Danan

MINIMAMENTE INVASIVO | MINIMALLY INVASIVE
Ficção | Horror, Comédia | 10’ | cor | 2020 | Nova Zelândia
Direção: Adam Harvey

SONHOS SOMBRIOS | DARK DREAMS
Ficção | Horror, Mistério | 14’ | cor | 2020 | França
Direção: Jeremie Sery

FANTASMA MAGNÉTICO | MAGNETIC GHOST
Ficção | Horror | 8’ | cor, P&B | 2020 | Brasil
Direção: Rafael Van Hayden

MOSTRA FICÇÃO CIENTÍFICA
Classificação indicativa: 14 anos

B-52 | B-52
Ficção | Ficção Científica, Drama | 7’ | cor | 2020 | Itália
Direção: Flavio Nani

FLASHBACK | FLASHBACK
Ficção | Ficção Científica | 15’ | cor | 2020 | Japão
Direção: Fumiya Yoshida

HABITAT | HABITAT
Ficção | Ficção Científica, Horror | 11’ | cor | 2021 | Espanha
Direção: Jaime A. Calachi

EU QUERO ACREDITAR | I WANT TO BELIEVE
Ficção | Ficção Científica | 5’ | P&B | 2020 | Brasil
Direção: Lucas Hossoe, Luiz Fernando Coutinho

IDI | IDI
Ficção | Ficção Científica | 12’ | cor | 2021 | Emirados Árabes
Direção: Neo Apelian

O CRIADOR | THE CREATOR
Ficção | Ficção Científica | 5’ | cor | 2021 | Ucrânia
Direção: Sergiy Pudich

O PASTOR | THE SHEPHERD
Ficção | Ficção Científica | 9’ | cor | 2021 | Rússia
Direção: Ilya Plyusnin

CRONOVIRUS | CRONOVIRUS
Ficção | Ficção Científica | 10’ | cor | 2020 | Livre | Argentina
Direção: Martin Fox Douglas

O HOMEM DA RECICLAGEM | THE RECYCLING MAN
Ficção | Ficção Científica, Fantasia | 13’ | cor | 2020 | Itália
Direção: Carlo Ballauri

MOSTRA FANTÁSTICA DIVERSIDADE
Classificação indicativa: 18 anos

MADEIRA | WOOD
Animação | Drama | 5’ | P&B | 2020 | Irã
Direção: Yasin Zohrabi

MÃOS E ASAS | HANDS AND WINGS
Ficção | Drama | 15’ | P&B | 2019 | Coréia do Sul
Direção: Byun Sungbin

HOMEM AO MAR | MAN BY THE SEA
Ficção | Drama | 15’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Gabriel Ávila

A COMITIVA: (UMA ESPÉCIE DE CONTO DE FADAS MODERNO) | ENTOURAGE: (A MODERN FAIRYTALE, OF SORTS)
Ficção | Experimental | 9’ | cor | 2020 | Reino Unido
Direção: Alex Rafael Rose

EMARANHADO | TANGLED
Ficção | Horror, Mistério | 14’ | cor | 2019 | Myanmar
Direção: M. Noe

ECO | ECHO
Ficção | Horror, Drama | 14’ | cor | 2020 | Porto Rico
Direção: Gilberto David Vázquez Gómez

PRIMEIRO CARNAVAL | FIRST CARNIVAL
Ficção | Fantasia, Drama | 5’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Alan Medina

FRESA | FREZA
Ficção | Horror | 14’ | cor | 2020 | Rússia
Direção: Anna Melnikova

MOSTRA FANTÁSTICO BLACK POWER
Classificação indicativa: 16 anos

ONIPRESENTE | OMNIPRESENT
Ficção | Ficção Científica | 4’ | cor | 2019 | Etiópia
Direção: Abel Mekasha

CAPÉCIA | CAPECIA
Ficção | Horror | 9’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Állan Maia

PALOMA | PALOMA
Animação | Fantasia, Ficção Científica | 7’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Alex Reis

ALUGA-SE | RENT
Ficção | Horror, Mistério | 8’ | P&B | 2020 | Brasil
Direção: Kauan Oliveira, Bruno Grigati

ENCAIXOTADO | BOXED
Ficção | Thriller, Drama | 6’ | cor | 2019 | Estados Unidos
Direção: Wanjiru Njendu

PERDIDA | STRAY
Ficção | Horror | 3’ | cor | 2020 | Estados Unidos
Direção: Wanjiru Njendu

NATA | CHRIS
Ficção | Horror, Fantasia | 7’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Erik Ely

NINGUÉM CHORA POR MIM | NOBODY CRIES FOR ME
Ficção | Drama, Thriller | 9’ | cor, P&B | 2018 | Brasil
Direção: Victor Xavier

EGUM | EGUM
Ficção | Horror | 23’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Yuri Costa

REPÚBLICA | REPUBLIC
Ficção | Fantasia | 15’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Grace Passô

MOSTRA FANTASTEEN
Classificação indicativa: 10 anos

ANATIDAEPHOBIA | ANATIDAEPHOBIA
Ficção | Horror, Mistério | 6’ | cor | 2020 | Israel
Direção: Alon Newman

JEIJAY | JEIJAY
Animação | Drama | 7’ | cor | 2021 | Alemanha
Direção: Petra Stipetic, Maren Wiese

CUCO! | CUCKOO!
Ficção | Fantasia, Comédia, Drama | 7’ | cor | 2019 | Holanda
Direção: Jörgen Scholtens

UM DOS SEUS | ONE OF THEIR OWN
Ficção | Ficção Científica | 4’ | cor | 2019 | Estados Unidos
Direção: Allen Colombo

JAMARY | JAMARY
Ficção | Horror | 15’ | cor | 2021 | Brasil
Direção: Begê Muniz

COLHEITA DE SAFRAS | SIEGA DE MIESES
Ficção | Experimental, Fantasia | 3’ | cor | 2020 | Espanha
Direção: Carles Abad Tent

A SUBSTITUTA | THE SUBSTITUTE
Ficção | Comédia, Fantasia | 14’ | cor | 2020 | Canadá
Direção: Malibu Taetz

POÇO | POZO
Ficção | Terror | 10’ | cor | 2020 | Espanha
Direção: Diego Puertas

TINA | TINA
Ficção | Ficção Científica | 10’ | cor | 2020 | Espanha
Direção: Estela Cruz

MOSTRA FANTASIA

Classificação indicativa: 16 anos

TOQUE PODEROSO | BIG TOUCH
Ficção | Fantasia | 3’ | cor | 2020 | Estados Unidos
Direção: Christopher Tenzis

NA SOMBRA DE UM HOMEM | IN ONE’S SHADOW
Ficção | Fantasia, Mistério | 11’ | cor | 2020 | Israel
Direção: Mor Lankri

2030 | 2030
Ficção | Fantasia, Ficção Científica | 9’ | cor | 2019 | Brasil
Direção: Julio Urbano

ERNESTO | ERNESTO
Ficção | Fantasia, Drama | 13’ | cor | 2021 | Argentina
Direção: Javier Fortuny

AO FIM DA NOITE | AT THE END OF THE NIGHT
Ficção | Fantasia, Drama | 14’ | cor | 2020 | Colômbia
Direção: Juan Camilo Gonzalez Castellanos

MORCEGOS NA NOITE | BATS IN THE NIGHT
Ficção | Fantasia, Drama | 13’ | cor | 2020 | Suíça
Direção: Moreno Cabitza

DINOSSAURITE | DINOSAURISM
Ficção | Fantasia | 12’ | cor | 2019 | Brasil
Direção: Rafael de Campos

A TRISTE VIDA DO MÁGICO | LA TRISTE VITA DEL MAGO
Ficção | Fantasia, Comédia | 13’ | cor | 2020 | Itália
Direção: Francesco d’Antonio

MOSTRA ESTUDANTE
Classificação indicativa: 14 anos

70%, O FILME | 70%, THE MOVIE
Ficção | Ficção Científica | 3’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Zefel Coff

CONTRAÇOS | CONTRAÇOS
Ficção | Thriller, Suspense | 13’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Ralph Campos, Renan Collier

IRÃ | IRÃ
Ficção | Fantasia | 3’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Iferrdo

ONÍRICO | ONEIRIC
Ficção | Ficção Científica | 15’ | cor | 2021 | Brasil
Direção: Cassiano G. Zanella

OS RETRATOS | THE PORTRAITS
Ficção | Horror, Suspense | 2’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Amanda J. Campos, Juliana Naomi Eda, Vit Duarte

INVASORES ESPACIAIS | SPACE INVADERS
Ficção | Ficção Científica | 8’ | cor | 2019 | Brasil
Direção: Diogo D’Melo

UM BREVE ESTADO DE SER HUMANO | A BRIEF STATE OF HUMAN BEING
Ficção | Ficção Científica | 15’ | cor | 2019 | Brasil
Direção: Lucas Calegari Bastos

UM SONHO DE LORENZZA FIOR | A DREAM OF LORENZZA FIOR
Ficção | Fantasia | 3’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Íris Chadi

VERÃO SANGRENTO | BLOODY SUMMER
Ficção | Horror | 14’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Thuanny Lourette

ZUMBI SOCIAL | SOCIAL ZOMBIE
Ficção | Thriller, Suspense | 13’ | cor | 2019 | Brasil
Direção: João Victor Oliveira Silva

MOSTRA ESPANHA FANTÁSTICA
Classificação indicativa: 16 anos

CONVERSAS COM UM MACACO | CONVERSACIONES CON UN MONO
Ficção | Ficção Científica | 15’ | cor | 2020 | Espanha
Direção: Grojo

APANHADOR DE SONHOS | DREAMCATCHER
Ficção | Fantasia | 12’ | cor | 2020 | Espanha
Direção: Jorge Guerrero

UNIDAS | UNIDAS
Ficção | Ficção Científica/Comédia | 6’ | cor | 2019 | Espanha
Direção: Alberto Cardena

ROSTOS | FACES
Ficção | Ficção Científica | 9’ | Cor | 2020 | Espanha
Direção: Iván Sáinz-Pardo

MONSTRO | MONSTER
Ficção | Drama/Suspense | 14’ | Cor | 2020 | Espanha
Direção: Jaime Olías

CONTINUA AÍ? | ¿SIGUES AHÍ?
Ficção | Horror | 13’ | Cor | 2020 | Espanha
Direção: Mónica Zamora Armero

PLANTAS, MONSTROS E ROCK&ROLL | PLANTAS, MONSTRUOS Y ROCK&ROLL
Ficção | Fantasia/Comédia | 14’ | Cor | 2020 | Espanha
Direção: Edu Marín

MOSTRA BRASIL FANTÁSTICO
Classificação indicativa: 14 anos

MÃTÃNÃG, A ENCANTADA | MÃTÃNÃG, THE ENCHANTED
Animação | Fantasia | 14’ | cor | 2019 | Brasil
Direção: Shawara Maxakali, Charles Bicalho

O QUEBRA-CABEÇAS DA LAGOA | LAGOON PUZZLE
Ficção | Horror | 10’ | cor | 2021 | Brasil
Direção: Jorge F. S. Neto

NO VERSO TEM UM CÉU | THE SKY IN THE VERSE
Ficção | Fantasia | 14’ | cor, P&B | 2021 | Brasil
Direção: Jonta Oliveira

NU ESCURU | IN THE DARKNESS
Animação | Fantasia | 12’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Guilherme Telli

PASSARINHO | BIRDIE
Ficção | Fantasia | 15’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Vinicius Pessoa

NÃO SUBESTIME | DON’T UNDERESTIMATE
Ficção | Horror | 11’40’’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Lipe Veloso

O BALIDO INTERNO | INTERNAL BLEAT
Ficção | Fantasia | 15’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Eder Déo

MOSTRA ANIMAÇÃO
Classificação indicativa: 18 anos

ALICE | ALICE
Animação | Fantasia | 12’ | cor | 2020 | Rússia
Direção: Aleksey Sukhov

COVID-19 ZEITGEIST-20 | COVID-19 ZEITGEIST-20
Animação | Fantasia | 5’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Eddie Silva

CUIDADO COM A CUCA | CAREFUL WITH THE BOOGEYMAN
Animação | Horror | 2’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Maria Luiza Correa, Liara Belmira

A INCRÍVEL VACINA DO DR. DICKINSON | LA INCREÍBLE VACUNA DEL DR. DICKINSON
Animação| Ficção Científica, Comédia | 14’ | cor | 2020 | Espanha
Direção: Alex Rey

NUNCA MAIS ME VI | NEVER SAW MYSELF AGAIN
Animação | Horror | 4’ | P&B | 2020 | Brasil
Direção: Demerson Souza, Laysla Brigatto

RESTA UM | ONE LEFT
Animação | Fantasia | 6’ | cor | 2020 | Áustria
Direção: Sebastian Doringer

QUARENTENA | QUARANTINE
Animação | Suspense | 6’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Emerson Wiskow

RASGA MORTALHA | OMINOUS OWL
Animação | Fantasia | 14’ | cor | 2020 | Brasil
Direção: Thiago Martins De Melo

RATOS CORAJOSOS | RATONES INTRÉPIDOS
Animação | Aventura | 15’ | cor | 2020 | Espanha
Direção: Sara Garcia Gomes

VERMELHO. A COR INTERIOR | RED. THE COLOR WITHIN
Animação | Drama | 5’ | cor | 2020 | Peru
Direção: Willian Javier La Portilla Medrano

MOSTRA AMADOR
Classificação indicativa: 16 anos

À BEIRA DO GATILHO | ON THE EDGE OF THE TRIGGER
Ficção | 12’45” | cor | 2021 | Manaus | Brasil
Direção: Lucas Martins

ASSOLADO, UM FILME SOBRE A PANDEMIA | DEVASTATED, A MOVIE ABOUT THE PANDEMIC
Ficção | 5’56” | cor | 2020 | Fortaleza |Brasil
Direção: Renan de Andrade

ESTÁTICO | ECSTATIC
Ficção | 8’12” | cor | 2020 | Fortaleza | Brasil
Direção: Vitor Renan

MIRTES/MURIEL | MIRTES/MURIEL
Ficção | 1’53” | cor | 2020 | Rio de Janeiro | Brasil
Direção: Morgana Mendes

NARCISO EM ISOLAMENTO | NARCISSUS IN ISOLATION
Ficção | 7’50” | cor | 2020 | São Paulo | Brasil
Direção: Bruno Costa

NÉCTAR | NECTAR
Ficção | 5’40” | P&B | 2020 | São Paulo | Brasil
Direção: Gabriel de Oliveira

O GRITO DAS SOMBRAS | SCREAM FROM THE SHADOWS
Ficção | 6’ | P&B | 2020 | São Paulo | Brasil
Direção: Caroline Bertelli

PARADOXO ROXO | PURPLE PARADOX
Ficção | 4’ | cor | 2020 | Rio de Janeiro | Brasil
Direção: Leonardo Klotz

PENUMBRA CINZENTA | GREY SHADE
Ficção | 10’ | cor | 2020 | São Paulo | Brasil
Direção: Lucas Marinho

RÁPIDA ESTADIA | QUICK STAY
Ficção | 1’ | cor | 2020 | Rio de Janeiro | Brasil
Direção: Luiz Guilherme

SEMPITERNA | ETERNALLY
Ficção | 6’ | cor | 2020 | Espírito Santo | Brasil
Direção: Lucas Carvalho

UM OLHAR DO ABISMO | A LOOK AT THE ABYSS
Ficção| 12’ | cor, P&B | 2020 | São Paulo | Brasil
Direção: Luiz Santos

VIZINHANÇA | NEIGHBORHOOD
Ficção | 9’ | cor | 2020 | Espírito Santo | Brasil
Direção: Lucas Carvalho


#78 – Cinefantasy: 11ª edição!

Necronomiconversa
#78 - Cinefantasy: 11ª edição!







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E no episódio de hoje eu (Euller Felix) e o Matheus Maltempi recebemos o Eduardo e Mônica do Cinefantasy para conversarmos sobre a mais nova edição do festival!

Informações sobre as inscrições para o Cinefantasy
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Artes do episódio por Juliana de Melo 

Edição feita por Euller Felix

CINEFANTASY ABRE INSCRIÇÕES PARA A SUA 11ª EDIÇÃO

No último texto desse ano comentei o quanto os festivais se adaptaram bem aos novos desafios que surgiram com a pandemia e a quarentena causados pelo Covid-19. Agora nesse ano de 2021 iremos ter novamente a oportunidade de acompanhar um dos festivais que nós aqui do Necronomiconversa mais gostamos de cobrir, o Cinefantasy. As inscrições…


Os festivais, o ano e o horror

2020 foi um ano bem diferente do que todos nós estávamos esperando. Ninguém imaginava que enfrentaríamos uma pandemia que nos obrigaria a ficar em casa isolados com medo do que está do lado de fora. Mas aconteceu. Está se encerrando um ano onde a palavra “atípico” nunca fez tanto sentido. Pensando no cinema foi um…


#66 – O Cemitério das Almas Perdidas

Necronomiconversa
#66 - O Cemitério das Almas Perdidas







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E no episódio de hoje eu (Euller Felix) e o Matheus Maltempi recebemos o Marcelo Miranda para conversarmos sobre a mais nova obra de Rodrigo Aragão o filme O CEMITÉRIO DAS ALMAS PERDIDAS!

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Artes do episódio por Juliana de Melo 

Edição feita por Euller Felix

Cinefantasy – Curtas-Metragens Categoria: Horror

Mesmo com o fim da décima edição do Cinefantasy, que diga-se de passagem foi excelente, ainda temos alguns filmes a serem comentados. Durante o festival, pude assistir alguns curtas-metragens, e decidi finalizar a minha cobertura falando um pouco sobre os que estavam na categoria horror do evento.

No geral os curtas desta categoria me agradaram bastante, e a sua maneira cada um explorou abordagens que constroem as tensões psicológicas dos personagens, seja abordando problemas neurológicos ou relações desgastadas, acredito que todos conseguiram alcançar a criação de ambientes e universos de puro horror.

Começando pelo representante brasileiro, Celular, é uma aposta que reproduz os cânones do found-footage norte americano englobando alguns elementos corriqueiros do horror atual, como a adição do elemento celular. Uma maldição, que é passada para frente ao atender um celular que toca na área da frente de uma casa abandonada, ao terminar de ver o vídeo que deu origem à corrente, o curioso torna-se parte de um ciclo macabro. É interessante como a narrativa é conduzida, o que me lembrou um pouco da forma como o jogo de 2017, Resident Evil 7, explora o found-footage, ao colocar a nova vítima assistindo o destino da anterior, e também noto uma influência de canais emergentes no YouTube em que pessoas invadem casas abandonadas portando celulares e armas de airsoft.

Cinzas também segue a ideia de maldição cíclica, mas ela busca um artefato um pouco mais tradicional, diga-se de passagem, um diário com desenhos infantis sobre monstros e uma foto antiga. Este curta-metragem possui uma direção de arte impecável, além da fotografia que ajuda na criação de um ambiente de conto de fadas macabro. A maquiagem da criatura presente no filme também é um ponto alto. A narrativa é bem básica, entretanto ela combina muito com o formato curta-metragem, e cumpre a sua função de prender o espectador. Sinto que ele busca trazer um conflito entre o moderno e o tradicional também, já que uma das irmãs se perde da outra por estar distraída com o celular.

Feroz é um dos destaques, com poucos diálogos ele consegue contar uma história que também traz esse conflito de cidade x natureza, civilização x selvagem e sem muitas explicações ele causa um impacto muito grande através das imagens. Destaque para a direção de fotografia que consegue alcançar planos esteticamente muito bonitos e enquadramentos que dão conta de preencher o silêncio e contar a história do filme visualmente. O final é realmente uma mistura de assustador com uma delicadeza bastante singela, essa mistura de sentimentos causada pela sequência final é um dos pontos altos desse filme.

Seguidores, o meu preferido da seleção, é um dos mais sutis e ao mesmo tempo agressivos em sua posição crítica. É um curta que não deixa de explorar todos os clichês de filmes de assombração, mas é através do uso deles que a sutileza do filme é seu ponto alto, pois as aparições e acontecimentos sobrenaturais que assombram a protagonista “instagramer”, são imageticamente assustadoras e estão sempre contidas nos detalhes do frame, não precisando de recursos mais expositivos como o jump scare para gelarem a sua alma. A crítica à sociedade atual quanto a preocupação pelos likes pode ser batida, entretanto, a forma como ela é apresentada aqui e a agressividade como é feita no subtexto, por isso digo que é agressiva e sutil ao mesmo tempo, é efetiva, pois, a mensagem de às vezes os seguidores podem ser alcançados por um preço muito alto é clara, o que me fez respeitar e muito a inteligência na execução do roteiro e direção desse filme.

Simetria Perfeita é um dos curtas-metragens mais tocantes da seleção, isso pelo excelente trabalho da atriz Charlotte Lindsay Marron, que interpreta Parker, uma jovem que sofre com um transtorno obsessivo-compulsivo. O cuidado com a construção que é muito próxima da realidade de pessoas que sofrem de transtornos como esse, me fizeram simpatizar muito com a personagem principal. Talvez a imprecisão do filme seja perder um pouco este cuidado com o transtorno no final do filme, colocando-o como um poder sobrenatural, mas não é algo que prejudique totalmente os sensíveis minutos anteriores.

Limbo é um curta-metragem bastante cruel e explícito, contudo, esta forma como ele trata o tema de uma família que sofre com um pai opressivo não é desnecessária, ela torna a mensagem bastante potente e talvez um pouco pessimista sobre os rumos da humanidade, mas é inegável que é um curta que se faz pensar, ainda mais em tempos como estes que vivemos. Acho que não há muito a dizer mais sobre este filme, além de que ele precisa ser assistido, salvo o aviso pelas imagens fortes que ele possui, e como o psicológico dos personagens e aquele universo de violência são tão bem construídos em poucos minutos.

O Barbeiro é um filme que cria uma atmosfera de suspense interessante, como em um western ele transforma um duelo de pistoleiros em um duelo entre desconhecidos, mas um está sentado na cadeira de barbear e o outro barbeando, o que torna a situação ainda mais angustiante. A direção de arte é um dos pontos altos, desde a construção dos cenários até o figurino dos atores. O clima tenso é construído por uma direção de fotografia precisa e que usa os néons de uma barbearia à noite para criar uma estética de hqs, que só deixa a situação mais divertida e agradável de ser.

Wrightwood é um dos curtas que mais entendem o formato curta-metragem, pois ele se apoia em uma ideia, que não precisa ser explicada, e ele conduz essa ideia simples mas muito perturbadora durante todo o filme, o que funciona muito bem por se tratar de um curta-metragem, por isso não há tempo para que essa motivação da história sature e torne-se enfadonha.


Os vencedores do Cinefantasy

Conheça os vencedores da décima edição do Cinefantasy, que teve início no dia 07 de setembro com o novo filme de Rodrigo Aragão “O Cemitério das Alma Perdidas” e se encerrou no dia 20 de setembro.  O Festival também homenageou a atriz Gilda Nomacce que já protagonizou diversos filmes de horror.  O Cinefantasy contou com…


Cinefantasy – Retrospectiva Rodrigo Aragão, Parte 3

Continuamos a nossa Retrospectiva da Filmografia de Rodrigo Aragão com os filmes que faltaram ser comentados: Mar Negro, As Fábulas Negras, Mata Negra e O Cemitério das Almas Perdidas.

Em Mar Negro lançado em 2013 é o filme onde vejo Rodrigo Aragão trazendo o caráter de cinema marginal à sua obra como comentei anteriormente, e aqui ele faz um filme bastante crítico. Seguindo com a ideia já trazida em Mangue Negro, após ser mordido por uma “sereia” o pescador Peroa se torna um zumbi começando uma epidemia em sua cidade.

O sub-texto deste filme para mim é um dos fatores mais importantes de sua composição e assistindo-o neste contexto de pandemia, o achei muito atual. Pois, mesmo antes de um apocalipse zumbi se iniciar no local, a cidade em que o filme se passa já estava com diversos problemas, como a própria escassez de peixes no mar que estava prejudicando tanto os pescadores quanto comerciantes locais. Entretanto, diante de todo esse caos e miséria instaurado, toda a atenção dos locais estava na inauguração de um novo cabaré, que seria o estopim da loucura e violência da qual o filme ia seguir na segunda metade. É interessante notar a figura do deputado Ferreira, interpretado por Coffin Souza, que aparece na cidade apenas para checar as garotas do cabaré e reforçar o seu poder de “canetada” para a dona do local Madame Ursula, ou seja, ele estava atrás do pagamento de propinas.

Vejo esse filme com um olhar muito crítico, pois todas as figuras que o compõem, além do próprio contexto narrativo ser, assustadoramente, semelhante ao momento em que passamos. Toda essa metáfora fica ainda mais direta quando Madame Ursula no meio da confusão causada pelos zumbis, estoura com os sobreviventes e desabafa dizendo que teve que “passar por generais, lidar com gente escrota” para conseguir abrir aquele lugar, pois ela queria trazer felicidade, entretenimento para aquele lugar.

Mesmo diante de todos os problemas, diante de miséria e uma epidemia de zumbis, aqueles personagens ainda estavam preocupados com o entretenimento e o que conseguiriam ganhar através daquela situação toda. O retrato, ou melhor, o espelho moderno que este filme representa, mostrando de forma nua e crua personagens não tão distantes da nossa convivência, ainda mais atual pelo contexto que vivemos, transforma esse filme em uma obra atemporal, pois parece que o Brasil de 2013 não era muito diferente do Brasil de 2020 e nada melhor que o cinema e a fantasia, a quem o diretor muito se dedica, para mostrar isso.

Além de toda essa carga crítica e política o longa conta com a adição do livro de Cipriano, item maldito recorrente da obra do diretor, demonstrando que suas obras estão interligadas formando um “Aragãoverso” do horror brasileiro.

Em 2015 nasceu As Fábulas Negras projeto idealizado por Rodrigo Aragão, um longa-metragem que reunia curtas-metragens de grandes nomes do terror brasileiro, sob a temática: Folclore Brasileiro. Os curtas-metragem são (em ordem de exibição): Crônicas do Esgoto dirigido por Rodrigo Aragão, Pampa Feroz dirigido por Petter Baiestorf, O Saci dirigido pelo grande mestre do horror brasileiro José Mojica Marins, Loira do Banheiro dirigido por Joel Caetano e finalizando com Casa de Iara dirigido novamente pelo Rodrigo Aragão. As Fábulas Negras torna-se um registro ainda mais importante e emocionante, pois trata-se de um dos últimos filmes em que José Mojica Marins atua como diretor, e em um filme junto de outros diretores que foram influenciados por ele.

Adaptar o folclore brasileiro permite a abertura de um leque de possibilidades e inovações no cinema fantástico, e esta é a posição que As Fábulas Negras toma, uma antologia muito competente e criativa que explora o substrato de um imaginário popular brasileiro, reunindo grandes mentes que produzem e escrevem horror no país. A antologia também respeita o cânone de Aragão, já que é idealizada por ele, com algumas críticas sociais, fanatismo religioso e com um exagero estético na violência que tornou-se recorrente em sua filmografia.

Inclusive eu escrevi um texto no começo do ano mais completo sobre As Fábulas Negras, com um parágrafo para cada curta-metragem presente no longa, se tiver curiosidade de conhecer um pouco mais do projeto, é só acessar minha crítica: https://necronomiconversa.com/fabulas-negras-2014-uma-uniao-de-grande-diretores-do-cinema-brasileiro/


Em 2018 estreou o último filme da trilogia composta por Mangue Negro e Mar Negro, Mata Negra conta a história da protagonista Clara, interpretada por Carol Aragão, filha de Rodrigo Aragão e atriz recorrente em seus filmes, que encontra o livro de Cipriano e por causa desse achado a morte começa a seguir os passos da personagem e daqueles que a conhecem.

Introduzido em Mar Negro, aqui o livro de Cipriano começa a tomar seu protagonismo em uma fábula que chega a quase ser um conto de fadas macabro. A personagem evoca forças que mal conhece a fim de tentar conseguir algum dinheiro para melhorar de vida, junto com seu pai adotivo. O teor crítico já conhecido em sua obra volta, desta vez tem como alvo o fanatismo religioso e a violência ocorrida em consequência dele. Fiéis perseguem e atacam Clara, após descobrirem que ela estava em posse de um livro e fazendo rituais. O ponto mais sarcástico e que me agrada, é como o diretor ressalta que os “homens de bem” ou que pregam a palavra do Senhor, são mais perigosos do que aqueles julgados por eles, em muitos casos, eles mesmo podem ter seu pacto com o diabo e usam a ignorância e a fé das pessoas contra elas mesmas para alcançar os seus desejos terrenos.

É interessante notar como Rodrigo Aragão evolui durante sua filmografia, pois, Mar Negro possui uma trama bem mais complexa da vista em Mangue Negro por exemplo, além do aprimoramento das técnicas de direção tanto em condução de narrativa quanto na direção de atores. O aspecto auto-irônico e do exagero pelo humor macabro sinto que ficam para trás, sendo substituído por um tom mais sério e angustiante.

Por fim, a grande estréia da décima edição do Cinefantasy O Cemitério das Almas Perdidas é a prova de que cinema é construção e de como Rodrigo Aragão é um grande contribuidor para o cinema fantástico de nosso país. É impressionante que mesmo com um orçamento mais robusto do que seus filmes anteriores, a criatividade ainda é sua principal ferramenta e ele consegue criar um filme épico totalmente brasileiro. Tudo que ele realizou até aqui culmina nesse filme, a crítica aos temas políticos e sociais, a violência exagerada, a criação de criaturas fantásticas e o cuidado com os efeitos especiais e a criação de cenário. Considero este filme uma das grandes conquistas do cinema nacional esse ano e talvez dos últimos anos.

Para saber mais sobre o filme, leia a crítica do Necronomiconversa escrita pelo Euller Félix, que pode ser encontrada no link: https://necronomiconversa.com/o-cemiterio-das-almas-perdidas/.

Portanto, a homenagem do festival Cinefantasy à obra do diretor Rodrigo Aragão nesta edição é mais do que justa, a retrospectiva de sua carreira é imperdível, pois nela vemos a evolução de um cineasta brasileiro que trabalha com poucos recursos mas mesmo assim consegue acessar mundos fantásticos através da criatividade e as ferramentas oferecidas pelo cinema, além de um retrato da realidade social brasileira feito da forma mais crua e horripilante possível, mas extremamente reflexiva e necessária. A cada filme entregue por ele, fica a expectativa para a próxima empreitada no “Aragãoverso” e a pergunta de como vamos ser amedrontados através de uma fantasia, que muitas vezes é pautada em nossa realidade.