Imagine que você acorda em um hospital sem se lembrar de nada, nem como você chegou ao hospital, nem quem você é. Tudo que você lembra é que esteve presa em um labirinto, forçada a cumprir desafios para sobreviver. É sob essa premissa que o filme “O Labirinto”, do diretor italiano Donato Carrisi, se desenvolve. Samantha (Valentina Bellè) foi sequestrada aos 13 anos e reaparece viva, misteriosamente, 15 anos depois. As únicas lembranças que a personagem tem são do labirinto e, para desvendar todos os mistérios envolvendo o desaparecimento da jovem, o analista Doctor Green (Dustin Hoffman) a acompanha durante a trama e investiga seu caso. Simultaneamente, temos Bruno Genko (Toni Servillo), um investigador particular que, sabendo que não tem muito tempo de vida restante, luta contra o tempo para resolver o caso de Samantha.
A semelhança que o filme de Carrisi possui com a franquia Jogos Mortais é clara. Assim como na franquia de James Wan, O Labirinto traz um ambiente fechado e macabro, comandado por alguém que não nos é conhecido, e que força seus personagens a cumprir desafios que vão gradativamente ficando mais difíceis com a promessa de que após cumpridos, poderão sair de lá vivos.
Desde suas primeiras cenas, o filme já deixa bem claro para que veio: causar angústia ao espectador. Tal sensação é intensificada ao longo do filme, parcialmente graças à ambientação claustrofóbica dentro do quarto do hospital onde Samantha está e ao fato de que a personagem está num constante estado de choque, divagando entre o que é real e o que está apenas em sua imaginação.
Assim como Doctor Green analisa Samantha, também analisamos os personagens e nos questionamos os “comos” e os “porquês” de toda a história. Com um primeiro ato intrigante, temos vontade de terminar o filme para entender como toda a trama irá se desenrolar e quais são as motivações dos personagens. E, por um momento, tudo parece caminhar bem nos dois primeiros atos.
No terceiro ato, porém, o filme esquece para o que veio, apelando muito para clichês de finais de filmes de terror. Eles fazem a narrativa decair seu nível, se comparado ao restante do longa. Parece que o roteirista se cansou de escrever depois de um tempo e só pensou em qualquer solução genérica para a trama. Essas soluções em geral funcionam, mas nesse filme acabam por deixar inúmeras pontas soltas na narrativa e levantam mais questionamentos do que respostas.
O Labirinto é o tipo de filme que parece que está indo para um lugar, mas, ao fim, não vai a lugar algum. Para um longa-metragem de 130 minutos, pelo menos 110 deles se consistem no “será que vem aí?”, e os outros 20 no “talvez venha aí.” O longa, desde o início, coloca muitos questionamentos à tona, mas não necessariamente responde todos os “comos” e os “porquês”, deixando-o com um final vago demais para um filme que tinha uma narrativa boa o suficiente para torná-lo um suspense memorável.
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