O início de 2020 nos presenteou com uma série que foi um divisor de águas para o grande público: Drácula, série produzida pela BBC em parceria com a Netflix, que veio com o objetivo de trazer uma nova personificação do icônico vampiro às telonas.

O projeto foi desenvolvido pelos mesmo criadores da série Sherlock (Stephen Moffat e Mark Gatiss) possuindo apenas três episódios, cada um com 90 minutos, um padrão de seriado particularmente inglês, mas que não agradou alguns usuários da Netflix logo de cara.

Nesta nova adaptação temos o ator dinamarquês Claes Bang na pele de Drácula. Não conhecia nenhum trabalho anterior do ator mas preciso admitir que ele entregou uma das melhores representações sobre o vampiro que já vi. O Drácula de Claes é charmoso e elegante, ele desfila com graciosidade durante toda a história atraindo a atenção de suas vítimas e do público. Vale destacar também a atuação de Dolly Wells que interpreta Agatha Van Helsing, sendo sua principal antagonista. Adorei a forma como a atriz entregou uma personagem forte e com tanta confiança, mesmo diante de um embate contra o senhor das trevas.  As cenas entre os dois atores são ótimas, tanto em dialogo quanto em atuação. Os dois personagens têm química e praticamente carregam todo o peso devidamente empregado nesta história.

 

O primeiro e o segundo episódio de Drácula são primorosos. A trama segue baseado na história escrita pelo autor Bram Stoker, tomando liberdade em adaptar certos aspectos da trama original e expandindo a própria mitologia do personagem. De cara temos um primeiro episódio muito bem construído, carregado com o terror e a violência digno de nosso protagonista. O segundo capítulo é mais contido, porém muito mais elegante, aqui temos um mistério digno de Agatha Christie que, apesar de sabermos quem é o vilão da história, prende a nossa atenção a cada minuto devido ao suspense criado de maneira magistral.

O grande problema da série reside no terceiro episódio. Eu admito que adorei a ideia e a ousadia dos produtores em tentarem explorar mais aspectos do Drácula em diferentes situações e contextos, mas infelizmente essas ideias foram mal executadas e não receberam a mesma qualidade técnica e escrita dos episódios anteriores. O último episódio também carece de um melhor desenvolvimento dos novos personagens apresentados, o que infelizmente acaba tornando esses personagens irrelevantes para trama principal.

Drácula é uma série que tentou reviver a figura do vampiro e atiçar a curiosidade do público mais jovem para o personagem, principalmente para aqueles que nunca leram o livro. Infelizmente o terceiro episódio pode ser uma grande barreira, principalmente para os fãs, mas ainda é uma serie que merece ser recomendada pelo primor da escrita e qualidade técnica.