Sempre que vemos uma notícia de que vai acontecer uma adaptação de uma história, seja de um livro, um quadrinho ou qualquer material que somos apegados, isso nos gera sentimentos conflitantes. Ficamos felizes por ver nas telas dos cinemas um material de uma obra que gostamos, ao mesmo tempo ficamos com receio da adaptação não suprir as nossas expectativas e não ser tão boa como o material original.

Assisti recentemente o filme Os Órfãos , de  Flora Sigsmondi e é baseado no livro A Volta do Parafuso de Henry James e revi nesses últimos dias a adaptação Doutor Sono de Mike Flanagan do livro do Stephen King de mesmo nome e como também recorrentemente terminei o livro fiquei pensando nos filmes e no que eu considero ser uma boa adaptação.

Sempre que eu penso em uma boa adaptação eu me lembro de como o livro Psicose de Robert Bloch foi levado à tela por Alfred Hitchcock e percebo que é aquilo que eu considero um bom exemplo de adaptação. O filme não precisa mostrar todos os acontecimentos, mas em essência tudo o que faz da obra original ser boa está ali. Do mesmo modo vimos isso na adaptação de Flanagan em Doutor Sono e a de Andy Muschietti no primeiro capítulo de It – A Coisa em 2017. Mesmo quando as cenas eram diferentes do livro o sentimento expressado era o mesmo ou pelo menos bem semelhante. 

Mas ser uma boa adaptação significa seguir a risca tudo do material original? Não. Mudanças e atualizações em muitos casos são necessárias. Um dos exemplos disso é na parte final de It. No livro temos aquela cena bizarra da relação sexual entre as crianças que serve para demonstrar e solidificar a união do grupo. No filme isso é resolvido de outra forma. A essência foi a mesma, mas a cena foi diferente e MUITO melhor trabalhada do que a bizarrice do livro.

Adaptações sempre vão acontecer, mas mesmo com os sentimentos conflitantes acredito que seja consenso que amamos ver as nossas obras literárias favoritas na tela de cinema e que as releituras são sempre necessárias.