Don’t fuck with cats: uma caçada online ( em tradução livre: Não mexa com gatos) é uma minissérie documental de três episódios da Netflix sobre a caçada a um assassino através da internet (sim, o título é bem autoexplicativo).
Apesar de ser uma história sobre um crime real, o documentário segue uma narrativa investigativa que inclui revelações. Dito isso, este texto contém spoilers.
Existe uma regra no mundo internético chamada de regra zero e essa consiste em não mexer com gatos. Considerando isso, o documentário começa quando surge um vídeo no YouTube de uma pessoa e dois gatinhos. O que acontece no vídeo é completamente pavoroso, pois os gatinhos são mortos asfixiados com um saco e um aspirador de pó. Tudo é mostrado como um grande entretenimento pelo assassino.
Obs: na série não é mostrada cenas de nenhum assassinato, só cenas pré e pós os acontecimentos, nada muito gráfico, porém são imagens fortes mesmo assim.
Mas como alguém pode ser capaz de fazer algo tão horrendo e ainda postar na internet? A reação foi instantânea e um grupo de pessoas no Facebook, se uniram para descobrir a identidade do assassino dos gatinhos, afinal, não se mexe com gatos, é o título da série.
A atenção conseguida foi como fogo em gasolina e outros vídeos com gatos sendo mortos surgiram. Era praticamente um deboche por parte do autor dos crimes, algo como: Olha só este bando de obsessivos me caçando e eu respondendo com mais materiais para eles.
A esta altura o grupo do Facebook consegue através de uma investigação ultraminuciosa, descobrir a identidade do assassino dos gatos e onde ele estava. Era Luka Magnotta, um aspirante a modelo fracassado, que tentava a fama de diversas formas. O modelo apresenta uma personalidade narcisista num sentido bem extremo da palavra. Luka não nasceu com este nome. Se chamava Eric Newman, cresceu num lar desajustado e sofreu abusos na infância. Na adolescência sofria bullying na escola, foi internado em instituições mentais e foi diagnosticado com esquizofrenia paranóide. Mais tarde, quando mudou de nome, trabalhou como modelo, stripper, garoto de programa e ator de filmes pornôs.
Com o fracasso na tentativa de fama em suas carreiras, ele procurou outro meio de chegar ao que queria. Fã de filmes como Instinto selvagem e Psicopata americano e assassinos em série como os infames Ken e Barbie killers, Paul Bernardo e Karla Homolka – inclusive inventando um relacionamento com ela – concluiu o que deveria fazer.
O psicopata que procurava por atenção e fama, estava conseguindo o que queria com os vídeos dos gatos. Ele claramente estava pronto para uma atenção ainda maior. É então que ele mata Lin Jun, um estudante chinês de 33 anos, que tentava uma vida melhor para ele e sua família com uma formação acadêmica em engenharia da computação no Canadá. O assassino, enquanto filma, mata Lin Jun com golpes de um picador de gelo (como a personagem de Sharon Stone em Instinto selvagem), pratica necrofilia, esquarteja e manda pedaços das mãos e pés para a sede dos partidos de esquerda e de direita do Canadá e duas escolas primárias. Além disso, ele lança o vídeo intitulado “1 lunático e 1 picador de gelo”.
Temos então a explosão de um caso bárbaro e a busca do assassino pelo mundo. Com uma personalidade narcisista, era exatamente o que ele queria, fama e notoriedade mundial. Não importa a que preço.
Passamos todos os episódios querendo saber mais e descobrir se ele será pego, como em um filme. Em certo momento, o assassino faz referência a “Prenda me se for capaz” filme com Tom Hanks e Leonardo DiCaprio, em que o personagem de DiCaprio, é perseguido por todos os cantos pelo personagem de Tom Hanks. Don’t fuck with cats é a versão distorcida e macabra deste filme.
Ao final, como um soco bem dado no meio de nossos estômagos, percebemos que o assassino narcisista fez o que fez e conseguiu o que queria, justamente por que existem espectadores para isso. E adivinha quem são eles?