OBS: ZONA LIVRE DE SPOILERS

O Babadook é um thriller psicológico de 2014, que mostra a história de Amelia e seu filho Samuel, que começam a ser aterrorizados por um monstro que sai de um livro de histórias. Se formos pesquisar rapidamente, iremos encontrar uma série de críticas e análises principalmente focadas na mãe, no luto e na maternidade. Quando comentam sobre a criança, as mesmas se limitam a dizer que ela tem problemas comportamentais e que a mãe sofre com isso. 

Não me fugiu aos olhos a forma como todas as críticas e o filme não exploraram a figura da criança que está em um processo de sofrimento, tal qual a mãe. A narrativa em si é focada na mãe, mas quando se referem à Samuel, temos segundo a visão popular “uma criança que não recebe uma correção” a “uma criança que tem algum problema psiquiátrico”. Em nenhum momento levantamos a possibilidade de que um menino com seis anos de idade também esteja enfrentando seu próprio Babadook.

Um dos momentos mais marcantes do filme é quando mãe e filho discutem e o menino diz que ela é uma péssima mãe por não deixá-lo ter uma festa de aniversário e não ter um pai. Se você viu o filme, sabe que a data de aniversário dele é a mesma data do falecimento do pai. Em nenhum momento a mãe conversa com ele sobre o pai ou a morte dele, nem lhe dá acesso aos pertences dele. Percebe-se, até então, que o menino não tem nenhum referencial masculino em sua vida. 

É importante apontar que como o filme é visto pela perspectiva da mãe, que demonstra estar emocional, psicológica e fisicamente cansada. Samuel é mostrado pela interpretação da mãe como uma criança muito mais trabalhosa do que o normal.  Ao assistir o filme o que percebi foi uma criança tendo que lidar com muitas questões e não tendo nenhum preparo ou apoio emocional para isso. Quando você é uma criança, tudo é muito grande, então se você tem um Babadook, ele vai ser muito grande.

Durante os momentos finais da narrativa, Samuel demonstra ter entendido o perigo que o Babadook traria para a sua vida, quando consegue lidar com sua mãe, que até então deixou que o Babadook entrasse nela.  Podemos ver uma criança que apesar dos infortúnios que passou durante o filme, não desiste da única família que tem e cria coragem para enfrentar seus medos. Que aprendamos com Samuel que apesar de temermos os monstros que estão debaixo da cama e/ou dentro do nosso armário, pequenos truques de mágica podem fazer a diferença na hora de determos nossos monstros.

PS: Já escutou o podcast do Necronomiconversa sobre Babadook? Passe lá e escute a opinião da bancada! 

Link: https://necronomiconversa.com/460-2/