Preciso dar alertas de gatilho antes de começar a falar sobre “As Almas que Dançam no Escuro”, o novo filme do brasileiro Marcos DeBrito, esse filme tem suicídio e estupro. Não acontecem na tela, mas há a sugestão de que aconteceu durante a história. Nunca sabemos o quanto esses assuntos podem impactar quem está assistindo, por isso, mesmo que estas informações sejam importantes no enredo eu considero necessário passar essa informação e dar esses alertas, principalmente no dia de hoje.
O filme conta a história de um pai que está enfrentando o luto pela morte de sua filha, ele decide então investigar o que aconteceu com ela e punir os responsáveis. No caminho dessa investigação ele percebe que não conhecia a sua filha tão bem quanto ele julgava.
Filmes sobre luto são sempre difíceis de se assistir, enfrentar algo inevitável como a morte é muitas vezes indigesto e nos deixa pensativos o resto do dia. Acho que a ultima vez que assisti um filme de horror que me fez ficar um bom tempo refletindo sobre esse assunto foi “Relic”, que me fez ficar algumas semanas pensando a respeito da finitude da vida e a velhice. “As Almas que Dançam no Escuro” está na minha cabeça, me fazendo pensar nessas questões sobre o enfrentamento dessa inevitabilidade desse fim para todos nós.
Esse impacto só é possivel graças ao grande trabalho de escrita e direção de Marcos DeBrito. Somos envolvidos pela história e pela forma como ele decidiu contar tudo aquilo que mal conseguimos piscar. Mesmo que em certo momento fica claro o que aconteceu com a filha e qual será o fim daquela história, ainda ficamos envolvidos em toda aquela trama, sem conseguir prever o que irá acontecer no próximo instante.
Inclusive a escolha de não mostrar as relações da filha, de segurar todas as informações relevantes até o final da história, foi uma das melhores decisões do filme. Todo esse caminho só fortalece a conclusão do que vimos.
E o Francisco Gaspar? Bom, dispensa quaisquer comentários, só vou dizer que ele está arrepiante.