Parasita é considerado um fenômeno de crítica. O filme conquistou prêmios importantes como no festival de Cannes e SAG awards.
No domingo, dia 09, fez história e se tornou o primeiro filme de não língua inglesa, a vencer o prêmio de melhor filme no Oscar. Além do principal prêmio da noite, o filme conquistou as estatuetas de melhor direção, roteiro original e filme estrangeiro.
Mas toda essa aclamação se deve à qual motivo?
Bong Joon-ho diretor de filmes como Okja, Expresso do amanhã e Memórias de um assassino, sempre demonstrou um grande senso crítico em relação à sociedade. Em Parasita, a diferença sócio-econômica retratada chega a doer. E piora quando pensamos que este abismo social é a principal causa dos problemas urbanos no mundo.
Temos de um lado a família Kim, que se encontra no mais baixo nível social. Isto é representado pelo lugar em que vivem, uma casa que fica abaixo da superfície. Essa família, busca formas alternativas de conseguir coisas básicas e só está esperando um oportunidade para mudar de vida. Essa oportunidade para subir os degraus na escala social, surge através de um emprego na casa da família Park, que são o retrato perfeito do sucesso e riqueza.
Estas duas famílias quando se encontram, têm o primeiro exemplo parasitário representado no filme, um sugando algo do outro. Para os Kim, sua ambição e esperança por uma vida melhor é alimentada através da família rica. Para os Park, seus luxos e uma vida que não exige qualquer esforço mundano é fornecida pelo trabalho da família pobre.
É inegável o quanto é prazeroso ver a família Kim, se sustentando de quem tem muito mais do que precisa, mesmo que isso seja a base de muita enganação. Mas ao mesmo tempo, isso derruba pessoas que vivem na mesma situação que eles e esse esquema deflagra uma situação parasitária muito maior. Como os Kim não acreditam que é possível que devam coexistir com este Parasita, um problema surge. Temos então um embate de pessoas que na verdade deveriam se ajudar e isso é o estopim de uma série de acontecimentos que levam ao clímax do filme.
O diretor Bong Joon-ho ao descrever o que pensou sobre o filme disse:
“Existem pessoas que estão lutando muito para mudar a sociedade. Eu gosto dessas pessoas e sempre estou torcendo por elas, mas fazer o público sentir algo nu e cru é uma das maiores forças do cinema. Eu não estou fazendo um documentário ou propaganda aqui. Não é sobre dizer a você como mudar o mundo ou como deva agir por que algo é ruim, mas ao invés disso mostrando algo terrível, uma explosão de uma realidade muito pesada. É isso que eu acredito ser a beleza do cinema.”
No fim das contas o diretor, mostrando a realidade nua e crua da sociedade, colabora para que se dissipe a névoa que está na maioria dos olhos. Mesmo de forma explícita em cenas que os Parks demonstram uma superioridade realmente baixa ou através de metáforas como as escadas que sobem e descem. Ou então com o Parasita quase literal que pode estar em qualquer lugar. Ou ainda, como muitas vezes, quem deveria se apoiar, briga para defender quem já tem muito. No final do filme, percebemos que a esperança pode ser um motivador, mas quando se está na mais baixa camada, nem toda inteligência e trabalho duro pode te tirar de lá.