Acho que muita gente que acompanha o Necronomiconversa não deve se lembrar da época que a gente tinha pouco acesso à internet e dependia de revistas de música e de cinema para saber das coisas. No finzinho de 2000 minha mãe me deu dois exemplares da Kerrang! (revista inglesa de música) e uma das matérias era com o Rob Zombie. Eu conhecia seu trabalho na música (graças aos clips da MTV) e lá ele anunciava que estava produzindo seu primeiro longa, A Casa dos 1000 Corpos.
Desde então tenho acompanhado com afinco sua carreira no cinema, até mais do que na música. A Casa foi lançado em 2003 e dois anos depois veio o meu preferido, Rejeitados pelo Diabo. Tenho um pouco de medo de dizer que é meu preferido, pois nunca mais o revi. Fiquei velha e bem mais exigente com o que vejo, então tenho medo de rever e me decepcionar. Isso vai acabar acontecendo em algum momento, mas não agora.
Gosto muito do remake de Halloween e de Senhoras de Salém, mas acho 31 e Halloween 2 bem ruins. Então estava sem expectativa alguma para Os 3 Infernais, mas acabei me surpreendendo positivamente. Como comentei no meu twitter, o filme não é bom, mas é bem menos pior do que eu esperava.
Rob Zombie é um grande fã de terror, e isso está presente em seu trabalho desde sempre. Sua banda White Zombie recebeu esse nome por causa do filme de 1932 com Bela Lugosi. Os 3 Infernais, assim como seus filmes anteriores, traz referências diretas ao terror clássico. Aqui, dez anos se passaram desde os acontecimentos de Rejeitados pelo Diabo. Os crimes cometidos por Baby, Otis e Captain Spaulding se tornaram um grande evento da mídia, agora eles são famosos e possuem até mesmo fãs.
Um parênteses para comentar a rápida aparição de Captain Spaulding. Originalmente, Rob Zombie tinha escrito um papel maior para Sig Haig, mas por causa da saúde debilitada do ator, o diretor reescreveu o roteiro e definiu que Captain Spaulding teria pena de morte na cadeia. Somos então apresentados a um novo personagem, Winslow Coltrane, meio irmão de Baby e Otis. Winslow ajuda Otis a fugir da prisão e eles partem em busca de Baby. Sig Haig faleceu apenas cinco dias após o lançamento do filme.
O filme em si não tem um roteiro muito elaborado, mas aqui Baby está menos sexualizada. Interpretada pela esposa do diretor, Sheri Moon Zombie, ela passa menos uma imagem sensual e mais perturbadora. Os dez anos na cadeia a enlouqueceram ainda mais, e nessa fuga ela se mostra cada vez mais inconsequente e maligna.
Durante a fuga da prisão, Otis assassina Rondo (interpretado por Danny Trejo). Os 3 irmãos fogem para o México e acabam numa cidadezinha que estava em comemoração do Dia de Los Muertos. Mas eles não sabiam que estavam sendo procurados pelo filho de Rondo, e são caçados. E é basicamente esse o enredo: violência, mulheres peladas e blasfêmias.
O filme não se propõe a ser um grande clássico, como comentei acima, me parece uma homenagem aos filmes dos anos 70. Rob Zombie quer mostrar a verdadeira natureza de seus personagens e para isso ainda explora corpos de mulheres, mulheres apanhando e mulheres sendo descartáveis. Sou fã de terror desde sempre e essas questões sempre estiveram presentes, mas de uns anos para cá começaram a me incomodar muito. Consegui ver o filme de boa, até porque a personagem de Baby “evoluiu”. Me cansava bastante a forma como Zombie explorava a imagem de sua esposa como a “jovem sensual”, mesmo já mais velha.
Para quem é fã do diretor, esse filme não deve decepcionar. Para fãs do gênero, recomendo que vejam sem nenhuma pretensão. A fotografia do filme é impecável, com algumas cenas bem interessantes e prende a atenção.
[…] E lá vou eu dar chance pro Rob Zombie a cada lançamento. Esse eu achei ruim, mas não tanto quanto o 31. Falei dele no blog do Necronomiconversa. […]
[…] E lá vou eu dar chance pro Rob Zombie a cada lançamento. Esse eu achei ruim, mas não tanto quanto o 31. Falei dele no blog do Necronomiconversa. […]