Chegou recentemente ao catálogo de streaming da Netflix o filme “Fuja” (Run), que foi bem elogiado e recebido pelo público em geral, mas principalmente aqueles que já gostam de cinema de horror. Um resumo do enredo do filme: Chloe (Kiera Allen) é uma adolescente que sofre com diversas doenças, dentre elas a paralisia que a obriga a ficar em uma cadeira de rodas. Quase sem sair de casa e dependendo da sua mãe Diane (Sarah Paulson) para tudo, ela começa a desconfiar de que a mãe esconde algum segredo dela.
Em termos de linguagem e mecanismos do gênero, “Fuja” não inova em quase nada. Temos uma história de uma personagem que está presa e sendo mantida em cárcere privado por outra personagem. O que destaca esse de outros filmes é a forma como o diretor Aneesh Chaganty conduz a história e os personagens em uma narrativa que nos prende a tela, e também, como ele consegue extrair o melhor das duas protagonistas ao ponto de não sentirmos o tempo passar por estarmos anestesiados pelas angústias dessas personagens.
A cena que abre o filme coloca os espectadores quase como a personagem de Chloe. Somos jogados ao hospital, na UTI de recém nascidos com uma criança entubada, após isso vemos a definição de algumas doenças, como por exemplo, “Diabetes” e “Paralisia”. Sabemos agora quais são as doenças que a personagem de Chloe tem.
A partir da descoberta de que Diane está escondendo algo a narrativa fica um tanto quanto previsível. Não existe muito segredo e nem surpresas do enredo e nem das ações das personagens. Dá pra adivinhar o que cada um irá fazer, quais serão as formas que eles irão agir e até prever algumas das motivações.
Apesar disso, mesmo mergulhado em clichês, “Fuja” ainda consegue nos divertir e nos entreter. E o principal: tudo funciona. Nos sentimos aprisionados, angustiados, com medo e com raiva. Não há diferença nos sentimentos que Chaganty parece querer nos causar com aqueles que são transmitidos pelas imagens.
Além de tudo isso o filme termina brincando com nossas emoções, não vou adiantar aqui, mas é uma mistura de incredulidade com satisfação que toda essa história merecia.
“Fuja” joga no seguro, não busca inovar, se apoia nas convenções dramáticas e de linguagem para contar uma história. É o típico exemplo de um bom uso do clichê, afinal – já usei essa frase em algum momento, mas – clichês são chamados assim por sempre funcionarem.