Uma das cenas mais relembradas do cinema de horror é a cena do filme “Os Pássaros” de Hitchcock onde Mellanie Daniels (Tippi Hedren) está sentada no colégio e atrás dela vemos os ameaçadores pássaros se juntando em um brinquedo de criança. Não sei se consciente ou inconscientemente a diretora e roteirista de “Terminal Praia Grande”, Mavi Simão, começou seu filme que está em exibição pelo Cinefantasy no Belas Artes a La carte com uma cena que nos lembra e muito a do filme de 1963 de Alfred Hitchcock.
O que vemos é a história de Catarina (Áurea Maranhão) que está prestes a deixar a cidade de São Luís no intuito de mudar de vida. Para celebrar o fim de sua estadia na cidade ela decide fazer uma festa de despedida na sua antiga casa e ao fazer as compras em um supermercado para essa festa ela encontra Francisco (Rafael Lozano), um velho conhecido e que não encontrava há muito tempo e o convida para a sua casa e para a sua festa de despedida.
Se o cinema é a arte de se representar e dizer coisas por imagens “Terminal Praia Grande” consegue cumprir com muito êxito o que se propõe a arte cinematográfica. Não é só a representação da cena de “Os Pássaros” que a obra de Mavi Simão se aproxima da obra hitchcockiana, mas também pela forma em que decide contar a sua história, em uma narrativa majoritariamente visual. Entendemos tudo o que está acontecendo ser necessitar de diálogos, apenas de observar as imagens entendemos o que está acontecendo, não necessitamos de mais nada e nem de nenhuma explicação.
Além da influência hitchcockiana é um pouco nítida para mim uma influência de David Lynch, no que diz respeito à narrativa e de como Mavi decidiu nos contar a história, me pareceu muito semelhante ao filme “Cidade dos Sonhos”.
O filme dialoga muito bem com a estética do cinema de horror, vemos situações que nos causam estranheza e desconforto. Notavelmente nenhuma dessas cenas está lá simplesmente por estar, tudo tem um propósito para estar ali e ser como é.
O filme é lento e isso não é um demérito, muito pelo contrário, o seu ritmo contribuí e muito para a história que ele se propõe a contar.
Depois de ver “Terminal Praia Grande” estou ansioso para ver que histórias mais Mavi Simão tem para nos mostrar.