Em meio a uma realidade pandêmica, participar de festivais de cinema no formato on-line é uma das melhores formas de se manter protegido e de perceber que apesar do cenário atual, ficaremos bem. Não porque os filmes sejam uma distração bem-vinda, embora sejam, mas porque tais eventos digitais são a prova da nossa capacidade de inovar – muito rapidamente – para continuar apoiando cineastas, suas obras e o público.
Quem pensaria, há alguns meses, que um festival de cinema fantástico online poderia ser um sucesso? Foi isso que aconteceu na histórica décima sexta edição do Fantaspoa que aconteceu em ambiente virtual e de forma gratuita entre os dias 24 de julho e 02 de agosto em parceria inédita com a plataforma Darkflix. Foram disponibilizadas 138 obras: 49 longas e 89 curtas-metragens de mais de 40 países. O festival também realizou dois cursos e 21 debates com cineastas de todo o mundo.
Segundo informações do serviço de streaming, os filmes do festival tiveram mais de 65 mil visualizações, com um tráfego em torno de 600 mil acessos durante o período da mostra. A empresa tinha grandes expectativas em relação ao evento e ficou satisfeita com o resultado, o ambiente online possibilitou que um número muito mais expressivo de pessoas pudesse ter acesso ao conteúdo do Fantaspoa. A parceria também foi uma oportunidade para que mais pessoas conhecessem o serviço.
Para Ernani da Silva, Diretor Executivo da Darkflix, esta edição foi o evento cinematográfico do ano no Brasil. “Bom saber que pode ser bem maior no próximo ano. Foi uma honra para a Darkflix se unir ao Fantaspoa nesta jornada. É nossa obrigação apoiar, contribuir e participar deste tipo de iniciativa”, conclui.
A edição do ano anterior do evento contou com um público aproximado de 10 mil pessoas, os números da edição online representam seis vezes mais esse total, pontua Nicolas Tonsho, um dos realizadores do evento. “Esse é o grande ponto positivo da experiência”, diz.
Para Tonsho, os principais motivos para a alta audiência foram a limitação alta no número de espectadores para cada filme, o conteúdo estar disponível 24 horas por dia e ser acessível por qualquer player situado no território brasileiro.
Todos os longas e curtas da mostra tiveram visualizações, mas alguns se sobressaíram, como “Antologia da Pandemia”, “Ghost Master”, “Ausente”, “Antrum: O filme Mais Mortal Já Feito”, “A Noiva de Berlin”, “Cabrito”, “Barry Fritado” e “Skull: A Máscara de Anhangá” que em menos de 24 horas atingiu o limite de exibições com 5 mil acessos.
É claro, existem desvantagens com este formato, entre eles é o de não se encontrar com os amigos para assistir às exibições, não conhecer novas pessoas e nem tirar uma foto com os atores e diretores favoritos. Para o realizador, o contato entre público e convidados se perdeu bastante, mesmo com as lives e interações em redes sociais, além disso, não foi possível perceber as reações do público durante e após as exibições. “O convívio durante os dias do evento com as pessoas que fazem e são fãs de cinema é o que torna a experiência no Fantaspoa tão marcante para muitos participantes”, observa.
Mas as vantagens são amplas, isso porque pessoas de todo o território nacional tiveram acesso sem custo ao conteúdo do festival que normalmente acontece em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Sem mencionar a comodidade já conhecida pelos usuários de serviços de streaming.
A edição on-line do Fantaspoa foi a primeira experiência desse tipo feita no país voltada ao gênero fantástico. O sucesso de sua parceria e realização oportuniza o debate sobre o rumo da indústria cinematográfica, setor tão afetado pela pandemia. A ação também segue uma tendência mundial já adotada por grandes festivais, como Cannes, Sundance, Berlim, Toronto, Veneza, entre outros, que juntos realizaram o “We Are One: A Global Film Festival”, um grande evento on-line que exibiu mais de 100 filmes entre os dias 29 de maio e 07 de junho.
Sobre o futuro do Fantaspoa, os realizadores pretendem trabalhar inicialmente com o formato presencial, talvez não integralmente, mas em sua maior parte. Para isso, buscarão o apoio de empresas para que o evento possa prosseguir, “para qualquer continuidade, física e/ou online, somos dependentes de patrocínios culturais, que estão cada vez mais escassos”, afirma Tonsho.