Zack Snyder volta ao gênero onde ele fez, para mim, a sua melhor obra: o dos zumbis. Em 2004 Snyder foi o diretor de “Madrugada dos Mortos” que é uma releitura de “O Despertar dos Mortos” (1978) de George A. Romero. Agora, em 2021, depois de uma incursão no mundo dos super heróis, ele retorna ao mundo dos mortos vivos com o seu novo filme na Netflix chamado “Army of the Dead: Invasão em Las Vegas”.

Em resumo: depois de um acidente com uma carga militar, boa parte da população que estava na cidade de Las Vegas é transformada em zumbis. A cidade é fechada as pressas. Um executivo decide contratar uma equipe para que entrem no covil dos zumbis para entrarem em um cassino e retirarem de lá o dinheiro que estava no cofre.

É basicamente isso. Se você assistiu “Invasão Zumbi 2 – Península” provavelmente vai sentir uma certa semelhança, afinal, é basicamente o mesmo enredo.

Sutileza era algo que eu realmente não estava esperando de Zack Snyder (afinal, ele foi o responsável por fazer o herói que é tido como o mais bondoso de todas as histórias em quadrinhos a quebrar o pescoço do seu inimigo), mas nisso ele conseguiu me surpreender. A cena inicial do filme exemplifica como ele não tem nenhuma sutileza. Vemos um casal que se envolve em um acidente de carro por estar fazendo sexo oral em movimento, depois vemos a matança dos zumbis ao som de “Viva Las Vegas”. E não para por aí, ao longo do filme temos um monte de outras cenas que ignoram qualquer tipo de sutileza que um filme pode ter.

Snyder parece também não conseguir trabalhar com os elementos que ele tem na sua mão. Ele tenta, a princípio, fazer uma metáfora política – como a maioria dos filmes de Romero – com tudo aquilo que está acontecendo, mas não desenvolve isso de forma convincente e fica mais como uma citação e, posteriormente, uma possível vingança. Ele também cita que alguns zumbis que estavam desidratados, por ficarem muito tempo no sol, poderiam ser acordados caso houvesse alguma chuva, o que não acontece no filme, uma pena.

Além de tudo isso, o filme tem cerca de 2 horas e meia, o seu desenvolvimento é lento e mesmo assim ele não consegue desenvolver as nuances das relações que são demonstradas ao logo do filme. Também não consegue desenvolver as diferentes “classes” de zumbis que existe no filme. Novamente só se cita que elas existem, mas não aprofunda nessa questão. O que, novamente, é uma pena.

No geral, é um filme de Zack Snyder. Gostando ou não fica cada vez mais difícil que as pessoas neguem que existe uma certa autoralidade no cinema que ele faz. Mesmo quem não gosta, isso é algo que tem que ser admitido.